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EUA negam na ONU qualquer envolvimento com sabotagem de gasodutos
"Os nossos colegas russos decidiram instrumentalizar a reunião do Conselho de Segurança para espalhar teorias da conspiração e desinformação”, afirmou o representante adjunto dos Estados Unidos junto à ONU.
Os Estados Unidos da América (EUA) negaram na sexta-feira qualquer envolvimento numa suposta sabotagem dos gasodutos Nord Stream 1 e Nord Stream 2 e acusaram a Rússia de espalhar teorias da conspiração.
Numa reunião do Conselho de Segurança convocada pela Rússia para abordar os recentes vazamentos nos gasodutos, o representante adjunto dos EUA junto à ONU, Richard Mills, acusou a delegação russa de instrumentalizar o órgão das Nações Unidas.
"Os nossos colegas russos decidiram instrumentalizar a reunião do Conselho de Segurança para espalhar teorias da conspiração e desinformação (...). Mas deixe-me começar por dizer clara e inequivocamente que estamos profundamente preocupados com a aparente sabotagem que ocorreu nos gasodutos Nord Stream 1 e Nord Stream 2", disse Mills.
"Como acabamos de ouvir do Reino Unido, ações deliberadas para danificar a infraestrutura crítica não podem ser toleradas. Esforços para investigar estão em andamento, e os Estados Unidos apoiam fortemente os esforços europeus para conduzir esta importante investigação. Pode levar tempo, mas a busca pela verdade não será apressada. É importante que primeiro estabeleçamos os factos", acrescentou o diplomata norte-americano.
Richard Mills aproveitou ainda para responder ao Presidente russo, Vladimir Putin, que acusou os países anglo-saxónicos de serem responsáveis pelas fugas nos gasodutos Nord Stream 1 e 2.
"Deixe-me ser claro: os Estados Unidos negam categoricamente qualquer envolvimento neste incidente. E rejeitamos qualquer afirmação que diga o contrário", disse o embaixador, avaliando que a convocação desta reunião foi mais uma tentativa da Rússia de tentar distrair o mundo da sua grave agressão à Ucrânia.
Por sua vez, o embaixador russo junto à ONU, Vasily Nebenzia, repetiu as acusações de Putin, sugerindo que Washington está por trás dos supostos ataques aos gasodutos, apontando para os supostos lucros que a sua indústria de gás pode ganhar agora que esses gasodutos destinados a transferir gás russo para a Europa estão fora de ação.
"A principal questão é se o que aconteceu com o Nord Stream é lucrativo para os Estados Unidos? Sem dúvida", disse.
"A destruição do Nord Stream é benéfica para a Rússia? Se pensarem do ponto de vista da lógica sólida, e não no espírito de fantasias mórbidas de que os russos estão prontos para qualquer coisa para intimidar a Europa, é claro que não. Não faz sentido destruirmos o projeto com nossas próprias mãos, no qual investimos imenso e do qual poderia haver um retorno econômico significativo para nós. Afinal, o Ocidente afirmou que lucramos com a exportação de recursos energéticos e nos beneficiamos do aumento dos preços por eles", argumentou.
Para Nebenzia, é bastante óbvio "que a implementação de sabotagem de tal complexidade e escala está além do poder dos terroristas comuns".
"Consideramos as ações para danificar os gasodutos como uma sabotagem deliberada contra o objeto mais importante da infraestrutura energética da Federação Russa. Um ataque que dificilmente poderia ter acontecido sem o envolvimento de atores estatais ou controlados pelo Estado. Com certeza identificaremos todos os envolvidos nessa sabotagem", acrescentou.
O secretário-geral adjunto para o Desenvolvimento Económico da ONU, Navid Hanif, também participou no encontro, dizendo que a ONU não tem informações próprias sobre o que aconteceu e expressou grande preocupação com os efeitos ambientais que os vazamentos de gás podem ter.
Um funcionário da empresa russa Gazprom também prestou esclarecimentos, confirmando que os vazamentos foram causados por "danos físicos" e não por avarias, e que disse que o tempo que pode levar para restaurar o sistema não pode ser estimado, pois será algo extremamente complexo do ponto de vista técnico.
Esta reunião do Conselho de Segurança teve início logo após uma votação sobre a Ucrânia, na qual a Rússia vetou uma resolução que procurava condenar os referendos realizados em quatro regiões ucranianas e a sua anexação por Moscovo.