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EUA travam pagamentos de dívida russa para pressionar Moscovo
Os EUA por completo o acesso da Rússia às reservas detidas em bancos norte-americanos, mesmo que os fundos sejam usados para pagar cupões de dívida denominada em moeda estrangeira.
Os EUA decidiram esta segunda-feira impedir Moscovo de aceder a cerca de 600 milhões de dólares em reservas detidas em bancos norte-americanos, mesmo que seja para pagar juros da dívida soberana. A medida é mais uma forma de aumentar a pressão financeira sobe o Kremlin, restringindo ainda mais o acesso ao dólar norte-americano, através das reservas detidas nos Estados Unidos.
Até ao momento, as sanções impostas por Washington contra a Rússia, apesar de congelarem o acesso do Kremlin às reservas guardadas em bancos norte-americanos, ainda permitiam que Moscovo recorresse a estes fundos para pagar cupões relativos a obrigações denominadas em dólares.
No comunicado citado pela agência, o Tesouro dos EUA defende que esta medida tem como principal objetivo levar a Rússia a escolher se recorre às reservas ainda disponíveis para cumprir as obrigações decorrentes da emissão de dívida soberana [denominada em dólares] ou se pretende usar este dinheiro no financiamento de outros fins, como a guerra.
A medida teve efeitos imediatos. Segundo uma fonte próxima do assunto contactada pela Reuters, o JPMorgan Chase, que tem servido como correspondente bancário no pagamento de cupões da dívida russa nos EUA, já foi obrigado a interromper estes pagamentos. A Rússia tem um período de carência de 30 dias para pagar o que deve aos investidores antes de entrar oficialmente em incumprimento, de acordo com a mesma fonte.
O Kremlin tem atualmente 15 linhas de obrigações a negociar nos mercados internacionais pendentes com um valor nominal de 40 mil milhões de dólares, segundo os dados apresentados pela Reuters. Até agora, apesar das sanções impostas pelo Ocidente, Moscovo tem conseguido cumprir o pagamento dos cupões a que está adestrita, no entanto, com esta medida tudo pode mudar.
Como explicou disse David Wolber, advogado especialista em sanções internacionais da Gibson Dunn, uma sociedade sediada em Hong Kong, em declarações à Reuters, "o que os EUA estão a tentar fazer é colocar ainda mais pressão sobre a possibilidade de Moscovo esgotar as reservas em moeda estrangeira guardadas no país". Se esta medida funcionar, "tira a capacidade de a Rússia utilizar este dólares para financiar outras actividades, em especial a guerra [na Ucrânia]", clarifica o especialista.