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Renzi enfrenta greve geral contra a flexibilização laboral

Itália viveu esta sexta-feira a maior greve geral desde que Matteo Renzi foi nomeado primeiro-ministro em Fevereiro. A adesão na casa dos 70%, segundo avança a imprensa transalpina, afigura-se esmagadora face ao até aqui relativamente consensual Renzi.

Reuters
12 de Dezembro de 2014 às 19:58
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Tendo em conta as informações veiculadas pela imprensa italiana, poderá dizer-se que a Itália parou totalmente nesta sexta-feira, 12 de Dezembro. A greve geral hoje realizada, a primeira de grande dimensão no consulado de Matteo Renzi como chefe do Executivo, terá registado uma adesão de 70%, segundo informaram os sindicatos ao La Repubblica.

 

A luta dos trabalhadores e povo italianos prende-se, no essencial, na oposição à reforma laboral, designada em Itália de "Jobs Act", e que já foi aprovada pelo parlamento italiano. E de certa forma também na luta contra as políticas do governo de Renzi que, depois das também prometidas reformas da justiça e do sistema eleitoral, apenas concretizou a reforma laboral.

 

Isso mesmo é perceptível nas palavras de ordem dos líderes dos sindicatos que organizaram a greve geral (Cgil, Uil, Ugl e Fiom). "É uma grande resposta dos trabalhadores contra as políticas do governo", atirou Landini, líder do Fiom, citado pelo La Stampa. Já Barbagallo, do Uil, garantiu que "parámos Itália para fazê-la voltar a partir na direcção correcta".

 

Itália voltou assim a viver uma greve de grande dimensão, com a generalidade dos transportes parados, os serviços da função pública encerrados e os hospitais a assegurarem somente serviços mínimos. Também os confrontos com a polícia voltaram a repetir-se, trazendo à memória as manifestações registadas nos últimos anos de governo de Silvio Berlusconi e também no mandato protagonizado pelo tecnocrata Mario Monti, cuja nomeação como primeiro-ministro foi sempre mal recebida em Itália.

 

Renzi respeita greve mas não recua

 

Mesmo não estando em solo italiano, os ecos da greve geral desta sexta-feira chegaram rapidamente à Turquia, onde o governante transalpino se encontra para participar num fórum financeiro bilateral Turquia-Itália. E mesmo a partir da Turquia, Renzi não denotou uma inversão no seu discurso que tem, nos últimos meses, reforçado a tónica na vontade reformista deste governo.

 

Perante as dificuldades e obstáculos impostos pelo parlamento e senado italianos e pelos sindicatos, Renzi tem assumido que o seu governo lutará contra todos os que quiserem "uma Itália imobilista". Em Novembro asseverava que "o tempo em que uma greve bloqueava um governo e um país já acabou".

 

Nesse sentido, Matteo Renzi disse hoje, segundo cita o Corriere della Sera, que "os políticos devem ter a coragem de fazer as reformas, sobretudo em Itália, onde é necessária a mudança". Sobre a greve reconheceu ser "um momento de contestação de grande importância" acrescentado ainda ter "muito respeito por ela", assegurando porém "não partilhar os motivos" que levaram à sua concretização.

 

E o motivo principal é a alteração introduzida ao artigo 18 do código laboral italiano pela aprovação do "Jobs Act". Entre outras alterações, esta modificação passa a permitir o despedimento sem justa causa nos contratos sem termo. Renzi defende que estas alterações ao regime laboral são fundamentais para a flexibilização do mercado de trabalho e um instrumento imprescindível para o relançamento de uma economia em recessão técnica.

 

O governante italiano não mostra sinais que indiciem um recuo na guerra que mantém com os sindicatos e com o senado italiano, perspectivando-se para Janeiro novidades sobre a reforma eleitoral que irá limitar os poderes e dimensão do da câmara alta do parlamento transalpino.

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