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Partido de Merkel rompe "barreira imperdoável" ao alinhar com extrema-direita nas eleições regionais
O partido de Merkel está a ser amplamente criticado por quebrar o hábito dos grandes partidos e não alinharem com as posições de extrema-direita - uma tradição que não era quebrada desde a grande guerra.
A União Democrata-Cristã (CDU) partido da chanceler alemã Angela Merkel, apoiou o mesmo candidato que o partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) nas eleições para a liderança do estado de Turíngia, na Alemanha central. Esta opção quebra o costume de não cooperação entre os partidos tradicionais na Alemanha com a extrema-direita.
O liberal Thomas Kemmerich, do Partido Democrático Liberal (FDP) , foi eleito como líder do Estado de Turíngia, por 45 votos contra os 44 que foram atribuídos ao opositor e esquerdista, Bodo Ramelow. A coligação liderada por Ramelow não conseguiu segurar uma maioria nas eleições regionais de outubro.
Kemmerich foi eleito com o apoio dos radicais de direita do AfD e com o dos representantes naquele estado do CDU de Angela Merkel. Um lado-a-lado entre um dos maiores partidos e um partido extremista que não acontecia desde a grande guerra.
O recém-eleito pertence ao partido com menos representatividade na assembleia regional e, antes do voto, anunciou que iria encetar conversações com o CDU, o SPD – que formou coligação com Merkel ao nível nacional – e com os Verdes.
O líder do SPD, Norbert Walter-Borjans, fala da "rotura de uma barreira imperdoável", provocada pelo CDU e FDP". O ministro das Finanças do atual governo, Olaf Scholz, que pertence ao SPD afirmou que "questões muito sérias se levantam em relação à liderança federal da CDU". Contudo, de acordo com a Reuters, é improvável que este assunto leve à quebra da coligação entre SPD e CDU – estão apenas previstos protestos da parte dos apoiantes do SPD à porta da sede dos aliados cristãos.
O partido de Merkel acatou as críticas, com a chanceler a reconhecer que este é "um evento indesculpável" e que "os resultados devem ser revertidos". O partido avança a hipótese de novas eleições em Turíngia e defende-se, apesar de tudo, sublinhando que o voto na quarta-feira foi secreto e que o CDU não é responsável pelo sentido de voto dos extremistas.