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Parlamento Europeu em choque após operação policial anticorrupão

Cinco pessoas foram presas em Bruxelas na sexta-feira, no seguimento de pelo menos 16 rusgas, numa investigação sobre suspeitas de pagamentos "substanciais" de um país do Golfo para influenciar as decisões dos deputados europeus.

Parlamento Europeu discute esta quarta-feira a nova emissão de dívida conjunta para apoiar Ucrânia, com divergências entre países.
Julien Warnand/Reuters
10 de Dezembro de 2022 às 17:17
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Uma operação policial belga anticorrupção no Parlamento Europeu, ligada ao Qatar, provocou hoje fortes reações em Bruxelas, com representantes eleitos e organizações não-governamentais a apelar a um debate urgente sobre a melhoria das regras éticas na instituição.

"Este não é um incidente isolado", disse a Transparência Internacional. "Durante várias décadas, o Parlamento permitiu o desenvolvimento de uma cultura de impunidade (...) e de uma total ausência de controlo ético independente".

Este controlo na instituição é "defeituoso", escreveu no Twitter Alberto Alemanno, professor de direito no Colégio da Europa em Bruges.

Cinco pessoas foram presas em Bruxelas na sexta-feira, no seguimento de pelo menos 16 rusgas, numa investigação sobre suspeitas de pagamentos "substanciais" de um país do Golfo para influenciar as decisões dos deputados europeus.

O Ministério Público federal não nomeou o país, mas uma fonte judicial próxima do caso confirmou à agência AFP que se tratava do Qatar, como revelaram os meios de comunicação social Le Soir e Knack.

O caso surgiu a meio do Campeonato do Mundo em 2002, quando o país anfitrião teve de fazer esforços para defender a sua reputação de respeitar os direitos humanos, especialmente os dos trabalhadores.

O caso assumiu uma dimensão extra quando a identidade da quinta pessoa presa na sexta-feira à noite foi confirmada, tratando-se da eurodeputada grega Eva Kaili, uma antiga apresentadora de televisão de 44 anos de idade que se tornou uma figura da social-democracia no seu país. É ainda vice-presidente do Parlamento Europeu, juntamente com outros 13 deputados europeus.

Hoje, as audiências de cinco suspeitos prosseguiam em Bruxelas, segundo um porta-voz do Ministério Público federal.

A ação levou os eurodeputados verdes e social-democratas a anunciarem que se iriam opor na segunda-feira ao início das negociações sobre a liberalização dos vistos para os naturais do Qatar na União Europeia, uma vez que as suspeitas de corrupção envolvem este país.

Na segunda-feira, em Estrasburgo, os eurodeputados deveriam aprovar o início das conversações entre o Parlamento Europeu e os Estados-membros da UE para finalizar um texto que facilite o regime de vistos para os viajantes do Qatar e do Kuwait.

O texto, que já recebeu luz verde dos Estados membros no final de junho, isentaria os nacionais do Qatar e do Kuwait que viajassem para o bloco UE da obrigação de visto por um período máximo de 90 dias, sujeito a um acordo recíproco com ambos os países.

"Tolerância zero para a corrupção. Os Verdes opor-se-ão ao mandato de iniciar negociações sobre a liberalização de vistos com o Qatar na segunda-feira", disse o eurodeputado verde Terry Reintke no Twitter.

Por seu lado, o grupo social-democrata (S&D) apela à "suspensão dos trabalhos sobre todos os dossiês e votações relativos aos Estados do Golfo, em particular sobre a liberalização dos vistos".
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