Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Novas regras deixam governos com "caminho estreito" para investir, admite Gentiloni

Comissário europeu admite que com a política orçamental restritiva da Zona Euro, nas novas regras europeias, há o risco de não haver reforço no investimento. Eurogrupo discute relatório Draghi.

O comissário, Paolo Gentiloni, não espera que a atual crise política vá ter impacto na economia.
Olivier Hoslet/Epa
04 de Novembro de 2024 às 17:03
  • ...

O comissário europeu para a Economia, Paolo Gentiloni, admite que o retorno às regras orçamentais europeias, com as maiores economias do euro a planearem fortes ajustamentos a partir do próximo ano, vai deixar o bloco da moeda única num "caminho estreito" face ao objetivo de reforço de investimento, considerado crucial para evitar a perda de competitividade face a Estados Unidos e China e para acelerar o crescimento económico.




O responsável do executivo europeu admitiu as dificuldades à entrada para reunião dos ministros das Finanças da Zona Euro, nesta segunda-feira, em Bruxelas, na qual será discutido o cenário macroeconómico para o bloco e também o relatório sobre "O Futuro da Competitividade Europeia" produzido por Mario Draghi, que alerta para necessidades de investimento anual adicional na União Europeia equivalentes a perto de 5% do PIB dos 27.




"É um desafio. Não é garantido que seremos capazes de reforçar os investimentos", admitiu Gentiloni num momento em que Alemanha, França, Itália e Espanha - as quatro maiores economias do euro - iniciam processos de consolidação orçamental para a redução de dívidas e défices excessivos. Nos três primeiros casos, o ajustamento previsto já para 2025 supera 0,5 pontos percentuais do PIB em melhoria do saldo estrutural, sendo que no caso da Alemanha a exigência decorre das regras orçamentais internas do país. Nos restantes, sucede por imposição do novo formato de regras orçamentais europeias.




"No estado em que estamos, a consolidação orçamental é necessária, especialmente em alguns países, mas ao mesmo tempo a necessidade de investimentos e reformas é absolutamente crucial", afirmou o comissário europeu que, até ao fim do atual mandato do executivo Von der Leyen, tem a cargo o acompanhamento dos planos de médio prazo que os Estados-membros estão a apresentar para garantir a redução de dívida e dos défices orçamentais.




Os planos foram concebidos pelos governos a partir de uma trajetória de despesa recomendada pela Comissão Europeia, sendo a evolução da despesa primária líquida o grande indicador operacional dos ajustamentos neste novo quadro. Paolo Gentiloni indicou, contudo, que Bruxelas também estará atenta à intenção de realização de investimentos e reformas, caso em que os Estados-membros podem suavizar o esforço de ajustamento num período de sete anos.




"Não estamos apenas a olhar para a trajetória de despesa, mas estamos a olhar especialmente, nos países que pedem um período de ajustamento de sete anos, para reformas e investimentos", disse.




Itália, França e Espanha estão entre os países que já apresentaram proposta para um ajustamento a sete anos.




Caberá à Comissão, nas próximas semanas, avaliar os planos de reformas e investimentos associados a esse período mais longo para ajustamento.




Por outro lado, Gentiloni destacou a maior flexibilidade dada pelas novas regras orçamentais europeias aos investimento na área da Defesa. Ainda assim, países como a Polónia, que se prepara para aumentar o investimento em defesa para 4,7% do PIB, pedem que os gastos militares fiquem excluídos dos tectos de despesa das novas regras.




"O caminho é estreito, mas a necessidade de investimento mais forte – que foi muito claramente sublinhada por Mario Draghi no seu relatório – existe", salientou o comissário.




Para os gastos de defesa, assim como para a recuperação do atraso tecnológico europeu, o comissário Gentiloni entende que será "indispensável" haver financiamento comum europeu, sobre cuja forma os governos dos Estados-membros têm visões opostas, com países como a Alemanha fortemente contra a emissão de dívida comum – a opção defendida por Mario Draghi.




Para já, os países continuam a discutir prioridades para um futuro financiamento comum, independentemente da forma que venha a ter. No final da reunião do Eurogrupo está prevista uma declaração nesse sentido.


O responsável de Bruxelas com a pasta da Economia comentou, entretanto, os dados mais recentes sobre a evolução das economias do euro, que obtiveram no terceiro trimestre um crescimento muito acima das expectativas (0,4% de variação do PIB em cadeia). Espanha, Alemanha e França influenciaram a surpresa nos dados apurados pelo Eurostat.

"Descreveria a situação económica como uma de expansão moderada", afirmou Gentiloni, não afastando revisões em alta nas estimativas para este ano (a previsão do pacote de Primavera apontava para 0,8% de crescimento anual neste ano).


As novas projeções da Comissão serão conhecidas no dia 15.

Ver comentários
Saber mais Paolo Gentiloni Economia relatório Draghi investimento Zona Euro regras orçamentais europeias
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio