Notícia
Martine Aubry contra "políticas liberais" de Hollande
A autarca de Lille e antiga ministra do Emprego juntou-se às vozes que no seio do PS francês têm criticado as políticas seguidas pelo presidente Hollande que fica, assim, cada vez mais isolado. Aubry defende uma "nova social-democracia".
A autarca de Lille e ex-ministra do Emprego e da Solidariedade, que também é filha do antigo presidente da Comissão Europeia, Jacques Delors, Martine Aubry, exigiu ao presidente francês e líder do Partido Socialista francês, François Hollande, uma "reorientação da política económica".
Aubry que foi a responsável pela introdução da semana de 35 horas de trabalho em França vê agora, com as crescentes dificuldades de Paris para garantir um crescimento sustentado e para controlar as finanças públicas, a possibilidade de revogação desta lei.
Numa entrevista ao Le Journal Du Dimanche, citada pelo El Mundo, a socialista francesa pediu a Hollande uma mudança de rumo e o fim das "políticas liberais" que têm impedido o crescimento económico do país.
Depois de ter perdido as primárias socialistas em 2011, a autarca de Lille tem apostado numa postura mais reservada, algo que foi agora invertido, juntando assim a sua voz aos conhecidos elementos do PS francês que têm colocado em causa as opções governativas de Hollande e do seu primeiro-ministro Manuel Valls.
Estas divergências fizeram-se mesmo sentir no interior do Governo, o que levou à demissão, em Agosto, do até então ministro da Economia Arnaud Montebourg, um crítico de Valls e de Hollande e defensor de uma mudança clara nas orientações ideológicas do Governo.
Apostada em dar seguimento a esta orientação, Martine Aubry defende um conjunto de medidas que representem uma "nova social-democracia", em que haja menor discrepância entre os apoios estatais às famílias e às empresas. A autarca socialista considera que o Executivo de Valls tem privilegiado em demasia o apoio às famílias, descurando as famílias francesas.
Critica ainda a proposta de Emmanuel Macron, ministro da Economia, que será formalmente apresentada em Dezembro, no âmbito de um conjunto de reformas, e que prevê uma nova regulação do trabalho aos domingos, com o objetivo de estimular o crescimento. Esta segunda-feira, Macron estará em Berlim para tentar colher o apoio alemão às reformas francesas, pedindo em troca a Berlim o aumento do investimento público de forma a apoiar o crescimento europeu.
Isto numa altura em que a economia gaulesa dá sinais de estagnação e em que Paris solicitou a Bruxelas, pela segunda vez, um adiamento, para 2017, do cumprimento das regras do défice previstas no Tratado Orçamental.