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Macron já é quase candidato às presidenciais francesas de 2017
O ministro francês da Economia ainda não anunciou oficialmente a sua candidatura ao Eliseu nas eleições do próximo ano, mas quase. No primeiro comício do movimento político que o próprio lançou, Macron juntou "2017" e "vitória" na mesma frase.
Esteve perto mas ainda não foi desta que Emmanuel Macron confirmou a intenção de se apresentar às eleições presidenciais gaulesas agendadas para Maio do próximo ano. Mas parece ser cada vez mais certo que o ministro francês da Economia pretende mesmo suceder a François Hollande no Eliseu.
Na passada terça-feira, no primeiro encontro público do movimento político "Em Frente" (En March!) - lançado pelo próprio Macron em Abril passado com o lema-intenção de "desbloquear França" – o ex-banqueiro deixou subentendida a intenção de abandonar o governo de Hollande no final deste Verão para pôr em prática um "plano de transformação" para o país.
"Somos um movimento de esperança, nada nos vai parar (…) E vamos em frente até 2017, rumo à vitória", proclamou Macron na noite de terça-feira em Paris, num discurso feito perante cerca de 3 mil apoiantes. Embora seja verdade que o titular da pasta da Economia gaulesa não disse directamente que vai concorrer às presidenciais, falar em "vitória" e em "2017" na mesma frase parece uma clara admissão de que é aquela a sua intenção.
Segundo relata a imprensa francesa e também o site EurActive, muitos dos apoiantes responderam ao discurso do governante com o grito de ordem "Macron para presidente".
Apesar de em 2014 ter sido uma aposta pessoal de Hollande, que resgatou o então conselheiro para a área económica e banqueiro especializado na área do investimento para o elenco governativo, Macron tem-se afastado progressivamente no presidente gaulês.
Macron, 38 anos, tem a favor a popularidade, tanto junto da imprensa como dos eleitores, em contraste absoluto com Hollande. Em França fala-se mesmo na "Macron-mania". Mais de 30% do eleitorado acredita que Macron será um bom presidente e 53% crê que é portador de novas ideias. Isto apesar de a polémica reforma laboral ser conhecida pelo nome de Macron, o seu principal promotor. Com Hollande e o representante da direita mais moderada, Nicolas Sarkozy, atrás da Frente Nacional de Marine Le Pen - em intenções de voto e popularidade - Macron vê aqui uma janela de oportunidade para ser ele a chegar ao Eliseu.
Foi a aprovação desta reforma, que entre outras medidas prevê o aumento da semana laboral para mais de 35 horas, que ainda antes do Europeu provocou manifestações e confrontos em várias cidades francesas. Esta é uma reforma classificada em França como de índole liberal, o que não é o melhor epíteto tendo em conta a tradição política francesa. Esta terça-feira Macron falou na importância desta reforma e de outras medidas por forma a "acabar com regulações e privilégios" e a "libertar" a economia gaulesa.
Mas ao contrário do actual presidente, Macron assume-se claramente como um liberal, dizendo não ser de esquerda nem de direita (tal como o Em Frente), o que o ajuda a obter aceitação em ambos os espectros eleitorais. Já Hollande, acusado de ter sido eleito com promessas de políticas de esquerda para depois governar à direita, surge preso, por motivos eleitorais, a um discurso tendencialmente de esquerda.
Aquando do lançamento do movimento Em Frente, em Abril, as leituras imediatas já antecipavam a ambição presidencial de Macron. Nesta altura o Em Frente conta com mais de 50 mil membros e com as críticas de importantes figuras socialistas. Uma delas é Anne Hidalgo, autarca parisience, que reagiu ao discurso de Macron dizendo que "seria melhor que estivesse a olhar pela economia do país".