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Islândia vai controlar entrada de turistas para não ser "vítima do próprio sucesso"

O país nórdico que saiu da crise com recordes de crescimento quer lidar com o "boom" turístico que, segundo o Governo, ameaça a sustentabilidade de alguns locais. A solução pode estar no aumento ou criação de novas taxas para o turismo.

1 - Islândia
Reuters
16 de Março de 2017 às 17:37
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A Islândia já não é um destino barato para os turistas que a visitam. Mas pode ficar mais caro brevemente, se o Governo levar em diante o seu plano para lidar com o "boom" turístico que ameaça a sustentabilidade de alguns dos tesouros naturais que atraem os visitantes estrangeiros.

Com cerca de 340 mil habitantes, este país nórdico deverá receber mais de 2 milhões de turistas este ano, um número que, segundo o Governo, poderá pôr em causa a manutenção de alguns dos locais mais populares do país, como o lago glacial Jökulsárlón e a famosa Lagoa Azul. A solução? Limitar o acesso a esses locais, ou criar novos impostos para o sector do turismo. Ou ambas.

"O sector e todos nós temos de ter cuidado para não nos tornarmos vítimas do nosso próprio sucesso", afirmou a ministra do Turismo Thordis Kolbrun Reykfjord Gylfadottir, numa entrevista em Reiquiavique citada pela Bloomberg.

Segundo estimativas referidas pela agência noticiosa, o pequeno país nórdico deverá ser o destino de mais de 2,3 milhões de visitantes este ano, um número que compara com apenas 490 mil em 2011, e que tem sido impulsionado pela descida da moeda e pela escolha do país para a filmagem de cenas da série televisiva Games of Thrones.

Para lidar com esta escalada, a ministra pede aos colegas do Governo e à indústria do turismo que sejam "corajosos".  

"Algumas áreas não podem simplesmente receber um milhão de visitantes por ano", argumenta a ministra. "Se permitirmos mais pessoas em alguns locais, estaremos a perder o que os torna especiais - pérolas únicas da natureza que fazem parte da nossa imagem e do que estamos a vender".

Há várias opções em cima da mesa. Entre elas obrigar as companhias de autocarros e operadores turísticos a comprar uma licença especial ou aumentar a actual taxa turística aplicada sobre as dormidas.

Segundo dados do Ministério do Turismo, citados pela Bloomberg, esta taxa rendeu 400 milhões de coroas (cerca de 3,4 milhões de euros) em 2016, valor que deverá subir para 1,2 mil milhões de coroas (cerca de 10,2 milhões de euros) este ano.

O dinheiro proveniente do aumento dos impostos ou das novas taxas seria usado para melhorar as infraestruturas e instalações. "Quando falamos em cobrar pelo acesso, para mim isso tem mais a ver com controlar o número de pessoas que entram em determinados sítios – o que precisamos mesmo de fazer", explicou a ministra. "mas também temos de garantir que os turistas que vêm aqui têm uma experiência positiva durante a sua estadia".

 

O turismo, a par com as exportações de peixe e a indústria de alumínio, é uma das maiores fontes de receitas do país que, em 2008, assistiu à falência dos três maiores bancos do país (Glitnir, Landsbanki e Kaupthing).

O colapso do sistema bancário arrancou mais de 10% da riqueza da Islândia em apenas dois anos e mais do que duplicou a taxa de desemprego para o nível recorde de 11,9%.

No entanto, a Islândia foi um dos países europeus que mais depressa sacudiu a poeira da crise, tendo a economia regressado ao crescimento em 2011.

No ano passado, a Islândia cresceu 7,2% (no último trimestre cresceu 11,3%) e o desemprego desceu para cerca de 3%.

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