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Hollande alvo de inquérito da justiça francesa

Alegado "comprometimento  da defesa nacional" é o motivo por detrás da abertura do inquérito. Na base está informação passada por Hollande aos jornalistas autores do polémico livro "Um Presidente Não Devia Dizer Isso…"

Reuters
21 de Novembro de 2016 às 19:25
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O Procurador de Paris, François Molins, anunciou nesta segunda-feira, 21 de Novembro, a abertura de um inquérito por eventual "comprometimento  da defesa nacional". Segundo escreve a imprensa francesa, em causa está informação que terá sido passada pelo presidente François Hollande aos dois jornalistas do Le Monde que, neste Verão, publicaram o polémico livro com o sugestivo título "Um Presidente Não Devia Dizer Isso…"

Num artigo publicado no fim de Agosto, os jornalistas Gérard Davet e Fabrice Lhomme relatavam uma entrevista concedida três anos antes por François Hollande no Eliseu e referiam ter então obtido uma cópia de um documento classificado  de "confidentiel défense" onde se revelariam detalhes dos ataques franceses na Síria em 2013, em particular a lista de alvos do Daesh a atingir.

No início deste mês, Jean-Yves Le Drian, ministro da Defesa, relativizara a gravidade dos factos. "De que se trata? Da publicação de elementos (…) sobre acontecimentos que se passaram há três anos e, ainda por cima, sobre uma operação que não teve lugar?"
O inquérito foi aberto na sequência de uma queixa apresentada pelo deputado republicano (na oposição) Éric Ciotti, precisa o Figaro.
 
No início deste mês, Pierre Lellouche, também deputado republicano, apresentou no parlamento uma petição na qual reclama a destituição do Presidente com base no artigo 68.º da Constituição francesa, alegando que Hollande violou segredos de Estado.
 
Trata-se de uma iniciativa inédita em França e, com grande probabilidade, destinada ao fracasso, já que para que a destituição se materializasse teria de ser votada em tempo recorde (as eleições presidenciais estão agendadas para Maio do próximo ano) e por dois terços dos deputados num parlamento maioritariamente de esquerda. Quanto muito, este processo tornará ainda mais magras as hipóteses de os socialistas recandidatarem Hollande, o que, a confirmar-se, será também uma primeira vez na história da V República: até agora, todos os presidentes tentaram obter um segundo mandato junto do eleitorado.
 
As passagens que mais preocupam Pierre Lellouche respeitam mais uma vez os assassinatos selectivos de terroristas na Síria. Ao ter alegadamente dado  a conhecer a lista dos visados aos dois jornalistas, Hollande cometeu uma "traição" e uma "falha de cumprimento dos deveres [de Presidente] manifestamente incompatível com o exercício do mandato", alegou então o deputado e advogado, que, na exposição de motivos do pedido de destituição de Hollande, refere que se tal divulgação tivesse sido feita por soldados ou diplomatas estes poderiam enfrentar sete anos de prisão e 100 mil euros de multa.
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