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Elisa Ferreira: "A falta de estratégia global da Europa paga-se muito caro"

A vice-governadora do Banco de Portugal considera que a Europa “está a perder a corrida da competitividade” e que se "viciou em encontrar as bases da sua competitividade na concorrência interna”, não correndo a par do crescimento chinês e americano.

Vítor Mota
15 de Março de 2019 às 16:15
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"A Europa virou-se demasiado para si própria e perdeu a sua noção estratégica do mundo. E essa falta de estratégia global paga-se muito caro", afirmou Elisa Ferreira, esta sexta-feira, 15 de março, num debate que está a decorrer sobre "A Europa e o Presente", organizado pelo jornal Público, na Casa da Música, no Porto.

 

A vice-governadora do Banco de Portugal considerou que a Europa "está a perder a corrida da competitividade" e "viciou-se em encontrar as bases da sua competitividade na concorrência interna", não correndo a par do crescimento chinês e americano.

 

Para a ex-deputada europeia, a Europa chega tarde à globalização dos seus próprios valores de um padrão social e ambiental mínimo. "Está a fazê-lo agora, mas vem tarde, e a abertura da China obriga-nos a pensar no nosso lugar no mundo. A população sente que não foi protegida", afirma Elisa Ferreira, referindo uma" gestão incapaz, insuficiente das questões das migrações e ausência de estratégia de apoio ao desenvolvimento".

 

A vice-governadora do banco central português defende a criação de uma norma comum no que diz respeito aos requisitos para se trabalhar em comércio internacional, que contemple o fim dos bloqueios das ajudas de Estado, para concorrer com outras economias.

Um ponto amplamente sublinhado por Elisa Ferreira é o do reforço do orçamento europeu. "Quando há uma crise", começou por explicar, "não há os mecanismos suficientes para fazer o relançamento da economia. Os únicos mecanismos são o esmagamento de salários e preços. É um crescimento manchado pela perda de riqueza, pela perda dos melhores recursos humanos", sublinhou.

 

"Não pode acontecer que a política monetária seja o único ator em cena para fazer o relançamento económico", afirmou a vice-governadora do Banco de Portugal, considerando que "alguma dimensão orçamental faz aqui falta, como também para reforçar a união bancária, para a existência de uma linha de crédito para que o fundo de resolução europeu, quando tem que intervir, tenha um sítio onde pedir emprestado", sinalizou.

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