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Centeno está certo de uma "recuperação relativamente rápida" da economia europeia

Presidente do Eurogrupo diz em entrevista a um jornal alemão que "nem todos os países vão conseguir combater a crise com o mesmo sucesso da Alemanha, porque não têm a mesma capacidade de resposta".

24 de Maio de 2020 às 16:30
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A proposta da Alemanha e França para o fundo de recuperação da União Europeia é um "passo importante na direção certa para superar a crise" da pandemia da covid-19, diz Mário Centeno, que avisa para as negociações "muito complicadas" ao nível do Conselho Europeu, para que a proposta seja aprovada por todos os países da União Europeia (UE).

 

Em entrevista ao jornal alemão Welt am Sonntag, o presidente do Eurogrupo mostra-se otimista com a recuperação da economia europeia, ajudada pelos vários instrumentos que as instituições europeias estão a colocar no terreno para fazer face aos efeitos da pandemia.

 

Centeno lembra que as estimativas que estão a ser avançadas para a evolução do PIB não têm ainda em conta este fundo de reconstrução de 500 mil milhões de euros, sendo que "este enorme estímulo vai acelerar fortemente a recuperação económica".

 

Centeno deu o exemplo da Alemanha, que no final de 2021 já deverá apresentar um PIB idêntico ao registado no final de 2019. "Nem todos os países vão conseguir combater a crise com o mesmo sucesso da Alemanha, porque não têm a mesma capacidade de resposta", mas no final de 2022 já todos os países terão recuperado da crise, estimou o presidente do Eurogrupo.

 

"Não é motivo para celebrar. Vamos perder dois anos em termos económicos. Mas mostra que esta crise não é o fim do mundo. Podemos estar certos de uma recuperação relativamente rápida", afirmou o também ministro das Finanças português na entrevista ao jornal alemão.

 

No que diz respeito à evolução da dívida pública, Centeno diz ser inevitável um aumento no curto prazo, mas confia numa "descida assim que os ‘lockdowns’ começarem a ser levantados e regresse o crescimento económico". Assim, estima uma redução do nível de endividamento dos países europeus já em 2021.

 

"Além disso não estamos em 2008. A Europa entrou nesta crise com instituições mais fortes ao nível da UE, bancos mais fortes, finanças públicas mas fortes e uma posição comercial equilibrada", afirmou.

 

Na entrevista ao jornal alemão, Centeno assinalou ainda que é cedo para falar já da distribuição do dinheiro do fundo de recuperação – "primeiro é preciso saber quanto necessita cada país" – e que este mecanismo que vai recorrer a financiamento comum é "temporário" e que o seu reembolso deverá ser por um período longo – "20, 25 ou até 30 anos" - de modo a não colocar muita pressão nas finanças e crescimento económico da UE.

"A proposta franco-alemã seria um grande passo com vista a uma união fiscal e a uma união monetária que funcione verdadeiramente, ainda que o plano do fundo de reconstrução [na sequência da crise gerada pela pandemia de covid-19] seja limitado no tempo", afirmou Centeno.

 

Sobre a possibilidade de candidatar-se a um segundo mandato à frente do Eurogrupo, Centeno repetiu o que tem dito em Portugal sobre o tema, embora tenha adiantado datas. "Vou informar os meus colegas nas próximas semanas" se serei candidato, disse Centeno, revelando que a 11 de junho convidará os interessados a apresentar uma candidatura, de modo a que uma votação possa acontecer no início de julho. O mandato de Centeno termina a 13 de julho.

 

Questionado sobre se os alemães deveriam ir de férias a Portugal este verão, Centeno respondeu que "são certamente bem-vindos" e revelou que as suas férias serão no país "devido ao trabalho que terá nesta crise de todos os tempos".

 

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