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Caos em Barcelona no terceiro dia de protestos

Pedro Sánchez anunciou a criação de um comité interministerial para lidar com a crise na Catalunha. O chefe do Governo prometeu ainda que a tranquilidade será reposta brevemente.

Negócios 16 de Outubro de 2019 às 21:49
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O dia de hoje ficou novamente marcado por novos confrontos entre a polícia e grupos de manifestantes que voltaram a encher as ruas de várias cidades da Catalunha contra a decisão do Supremo Tribunal de condenar  12 dirigentes políticos catalães.

Segundo o El País, registaram-se vários casos de ruas bloqueadas e contentores (e outros objetos) queimados. Um desses grupos lançou pedras e garrafas contra a sede do Departamento do Interior do Governo, levando à intervenção da polícia, que chegou a disparar tiros para o ar.

O final de noite trouxe milhares de pessoas para as ruas e a tensão disparou quando alguns manifestantes começaram a atirar pedras e garrafas com ácido contra a sede do Departamento do Interior da Generalitat, em Barcelona, nos primeiros confrontos do dia entre grupos radicais e os Mossos d’Esquadra.

O passar do tempo agudizou a situação: chegaram a contar-se mais de 40 focos de incêndio pela cidade e ainda não há números certos de caixotes do lixo e carros queimados. A gravidade dos incidentes originou novos confrontos entre os independentistas mais radicais e as forças de segurança. Uma pessoa foi detida e 14 foram identificadas. Há registo de 11 feridos, pelo menos.

Em Tarragona, de acordo com o La Vanguardia, dois manifestantes foram atropelados por uma carrinha dos Mossos d'Esquadra.

Ao início da noite, o presidente do governo espanhol, Pedro Sanchez, disse que o executivo ia "garantir os plenos direitos e a manutenção da ordem na Catalunha", mas que não pensava aplicar medidas excepcionais na região. Durante a noite, vários líderes independentistas demarcaram-se dos atos de violência, apelando à luta pacífica pela república. 

Já ao início da madrugada, o presidente da Generalitat, Quim Torra, fez uma curta declaração distanciando o movimento independentista dos conflitos organizados por grupos radicais. "Faço um apelo à calma e à serenidade. O movimento independentista nunca foi, nem é violento", recordou, reforçando: "não há justificação nem para queimar carros, nem para actos de vandalismo". Na sua declaração, o presidente do governo regional relembrou as Marchas pela Liberdade, realizadas de forma pacifista esta quarta-feira e nas quais participaram vários 'ministros' regionais, considerando-as "um exemplo magnífico".

"É normal e bom que protestemos contra uma sentença injusta e absolutamente aberrante", continuou, para voltar a distanciar-se dos confrontos violentos que marcaram os últimos dias. "Não podemos aceitar que poucos, que não nos representam, destruam o caminho que tem seguido o independentismo". 

"A 1 de outubro derrotámos o Estado sem destruir nada. O independentismo constrói, não destrói", acrescentou, referindo-se ao referendo não oficial realizado na Catalunha em 2017 e que está na origem das condenações decididas esta segunda-feira. "Repito: serenidade, determinação, civismo e não violência. Boa noite", finalizou.

Já na noite de terça-feira Barcelona se tinha tornado cenário de uma batalha campal entre polícias e manifestantes, que construíram barricadas, queimaram mobiliário urbano e pneus, fizeram fogueiras e atiraram pedras e petardos contra os polícias. 

O Tribunal Supremo espanhol condenou na segunda-feira os principais dirigentes políticos envolvidos na tentativa de independência da Catalunha a penas que vão até um máximo de 13 anos de prisão, no caso do ex-vice-presidente do governo catalão.


Assim que foi conhecida a sentença, uma série de grupos de independentistas iniciaram movimentos de protesto em todo o território da comunidade autónoma espanhola mais rica.


A polícia antidistúrbios carregou sobre um grupo que protestava no exterior do aeroporto de Barcelona enquanto outros grupos separatistas incendiaram pneus para impedir a circulação de comboios e alguns bloquearam a circulação rodoviária em estradas da região.

Sánchez reúne-se com dirigentes políticos

O presidente do Governo em funções, Pedro Sánchez, reuniu-se ontem com os principais responsáveis políticos para analisar a situação na Catalunha, e anunciou, no final, a criação de um comité interministerial  para lidar com a crise na região. "Estou convencido que, pese embora as imagens dramáticas dos  últimos dias e das últimas horas, a tranquilidade será restabelecida na Catalunha", afirmou o chefe do Executivo no final dos encontros com Pablo Casado (PP), Pablo Iglesias (Podemos) e Albert Rivera (Cidadãos).

O líder do PSOE afirmou ainda que "o independentismo na Catalunha, apesar de ser importante, não é maioritário, como afirmam alguns partidos independentistas". 

"Creio que fui claro desde o dia em que se conheceu a sentença. Que temos de acatar e, em segundo lugar, que os políticos catalães façam autocrítica. O que a sentença demonstra é o fracasso do processo independentista", afirmou Sánchez, defendendo a necessidade de ser feito "um esforço para abrir espaços de diálogo", mas sempre "respeitando a lei".

Ainda antes destas declarações, o Ministério do Interior anunciou que vai mobilizar para a região mais 200 agentes da Unidade de Intervenção Policial (brigada antidistúrbios) tendo em conta a previsão de que os confrontos continuem nos próximos dias.

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