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Afinal, economia alemã caiu mais no final de 2022 e não deve escapar a recessão

A economia alemã recuou 0,4% no quarto trimestre de 2022, um valor mais negativo do que o divulgado anteriormente. Para os analistas, este é um um sinal forte de que o país não deve, afinal, escapar à recessão.

A Alemanha tem neste momento os depósitos de gás com 90% da capacidade total.
Arno Burgi/ EPA
24 de Fevereiro de 2023 às 11:03
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A economia alemã recuou mais do que o esperado nos últimos três meses de 2022, dados os impactos da subida dos preços e da crise energética sobre o consumo das famílias e o investimento das empresas. E os analistas admitem que, perante os dados já conhecidos dos primeiros meses de 2023, a maior economia europeia não consiga escapar de uma recessão técnica neste inverno. 

A economia da Alemanha encolheu 0,4% no quarto trimestre de 2022 face aos três meses anteriores, anunciou nesta sexta-feira, 24 de fevereiro, o instituto de estatística alemão, o Destatis. A primeira estimativa rápida do instituto apontava para uma quebra de 0,2% face ao trimestre anterior. Entre julho e setembro, o Produto Interno Bruto (PIB) alemão tinha crescido 0,5% em cadeia.

Os dados divulgados mostram que a procura interna recuou de forma acentuada. O consumo das famílias recuou 1% face ao trimestre anterior, continuando bem abaixo dos níveis pré-pandemia. 

Também o investimento penalizou a atividade económica, de acordo com o Destatis. O investimento em construção caiu 2,9% no quarto trimestre, enquanto o investimento em maquinaria e equipamentos diminuiu 3,6%.

No quarto trimestre de 2022, as exportações de bens e serviços caiu 1% comparando com o trimestre anterior, devido à conjuntura internacional negativa, marcada por disrupções na cadeia de abastecimento e preços energéticos elevados, escreve o gabinete de estatísticas europeu. 

Alemanha não deve escapar a recessão de inverno 

Depois de um quarto trimestre de 2022 no vermelho, os analistas olham para os primeiros dados do início de 2023 e não veem uma recuperação expressiva da economia alemã. Antes pelo contrário. Apesar de o sentimento económico ter melhorado em fevereiro, a subida - medida pelo instituto alemão Ifo - ficou aquém do esperado. E além disso, o PMI da indústria alemã caiu e a confiança das famílias e a propensão para consumir está perto de mínimos históricos. "Tudo aponta para uma nova contração da economia no primeiro trimestre", admitiu Carsten Brzeski, analista do ING. 

O resultado mais negativo do que o esperado no quarto trimestre aumenta os receios de uma recessão de inverno. Recorde-se que uma recessão (técnica) corresponde a dois trimestres consecutivos de variação negativa do PIB. 

"Os números divulgados hoje mostram que a subida acentuada dos preços da energia travaram de forma significativa a economia, apesar das medidas de apoio do governo", afirmou Ralph Solveen, economista do Commerzbank. E, perante o apertão monetário do Banco Central Europeu (BCE), o analista considera que uma recuperação económica expressiva é pouco provável. 

Mas mais do que isto: Andrew Kenningham, da Capital Economics, admite mesmo que esta revisão em baixa do crescimento económico da Alemanha prejudique o resultado final do PIB dos países da moeda única. "A revisão também significa que o crescimento económico da Zona Euro deve ser revisto em baixa de 0,1% para zero ou mesmo para -0,1%", afirma. 

O Eurostat divulga uma nova estimativa mais completa sobre o PIB da União Europeia e da Zona Euro a 8 de março. 

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