A ideia surgiu, como tantas vezes acontece, numa conversa de amigos. À mesa do almoço, João Castello Branco, Isabel Viegas e Joaquim Paiva Chaves conversavam sobre as dificuldades que muitos profissionais seniores e com formação académica enfrentavam num mercado de trabalho em constante mutação, afetado pela pandemia e condicionado pelo preconceito da idade, o "idadismo", como já começa a ser conhecido. Palavra puxa palavra e das palavras passaram aos atos: os três decidiram criar a dNovo, associação não lucrativa que procura "desenvolver uma resposta integrada para o problema crescente do desemprego qualificado". No seu primeiro ano, apoiou quase 200 pessoas, das quais 40 já reentraram no mercado de trabalho.
"Essa conversa aconteceu há uns três ou quatro anos, a propósito de casos específicos de amigos que se encontravam nessa situação", recorda Isabel Viegas, agora vice-presidente da dNovo – João Castello Branco é o presidente e Joaquim Paiva Chaves o outro "vice". "Investigámos o que havia em Portugal e no estrangeiro nessa área específica, falámos com muita gente, com o Estado, instituições nacionais e internacionais… e descobrimos que era um problema muito maior do que imaginávamos! Por isso, achámos que valia a pena trabalhar num modelo estruturado de apoio." A dNovo abriu em janeiro de 2022.
Numa declaração enviada por escrito, João Castello Branco, que foi CEO da Semapa, acentua os números que dão dimensão a este problema do desemprego entre profissionais com mais de 50 anos e formação universitária: "Portugal é o segundo país mais envelhecido da Europa, com cerca de 52 por cento da população acima dos 45 anos (49% para Europa). Este fenómeno de envelhecimento também se verifica na população com formação superior, segmento em que a população em idade laboral, entre os 45 e 64 anos aumentou 75% para 600.000 pessoas entre 2011 e 2021. Destas, 83.000 pessoas estão sem trabalho, sendo que a grande maioria (64.000, ou cerca de 77%) já deixou a população ativa. As restantes 19.000 (23%) estão no desemprego, número que aumentou em 77 por cento desde 2011."