Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Nos EUA, as mulheres ganharão o mesmo que os homens… daqui a 136 anos

Os progressos no sentido de reduzir a desigualdade salarial entre os géneros nos Estados Unidos desaceleraram desde 2001. Se a mudança persistir neste ritmo, as norte-americanas só ganharão o mesmo que os homens por volta de 2152.

Reuters
25 de Setembro de 2016 às 10:30
  • 3
  • ...

As mulheres de Nova Iorque têm a menor desigualdade salarial de todos os 50 estados dos EUA e recebem 89 cêntimos por cada dólar que os seus colegas do sexo masculino ganham.

 

Dificilmente isso soará como uma boa notícia -- até que se vejam os números de Wyoming. Apelidado de estado igualitário, cujo lema é "igualdade de direitos", Wyoming é um lugar onde ser mulher não compensa muito - na verdade, nesse estado paga-se às mulheres apenas 64 cêntimos por cada dólar do salário de um homem, a pior proporção nos EUA.

 

O avanço para reduzir a desigualdade salarial entre os géneros em todo o país desacelerou desde 2001, de acordo com "The Simple Truth About the Gender Pay Gap", um relatório publicado na quinta-feira pela American Association of University Women (AAUW). Se a mudança persistir nesse ritmo, as mulheres dos EUA ganharão o mesmo que os homens por volta de 2152, de acordo com o relatório do grupo.

 

Ao mesmo tempo, no entanto, a proporção de rendimentos entre homens e mulheres em todo o país foi de 79,6% no ano passado, a menor em dados ajustados à inflação que remontam a 1960. E a perspectiva para a paridade difere drasticamente entre os estados.

 

Muito se debate sobre como interpretar a desigualdade salarial entre os géneros. Quem usa como prova de discriminação o tão citado dado estatístico de que nos EUA as mulheres ganham 78 cêntimos por cada dólar recebido por um homem (o número pende mais para 80 cêntimos) não está a usar a mesma medida para a comparação, argumentam alguns investigadores que citam diferenças na quantidade de horas trabalhadas e na escolha profissional, entre outras.

 

O cepticismo em relação a esse indicador é válido, diz Catherine Hill, vice-presidente de pesquisa da AAUW. Esse número é abrangente e mistura muitos aspectos, como idade e ocupação, refere, acrescentando que se trata de um número mais interessante para evidenciar tendências, como a redução da diferença salarial durante as décadas de 1980 e 1990, "quando as conquistas académicas das mulheres actuaram como um motor", e a estagnação da linha que marca essa diferença nos últimos 15 anos.

 

Após tomar em consideração a idade, a ocupação e outros dados, ainda resta uma diferença salarial que não pode ser explicada, explica por seu lado a professora de Economia de Harvard Claudia Goldin. "Mas", acrescenta, "não sabemos o suficiente para afirmar que uma desigualdade salarial entre os géneros se deve à discriminação".

 

Hill, da AAUW, salienta que, após monitorizar 11 factores, o relatório conclui que existe uma diferença de 7% um ano depois de as mulheres se terem licenciado. "Isso diz-nos que há outra coisa que está a acontecer", sublinha. "Sim, as escolhas que fazemos têm um peso grande nisso, mas também se trata das escolhas que as pessoas pressupõem que nós faremos", como ausentarmo-nos do mercado de trabalho para criar os filhos ou cuidar de outros familiares.

Ver comentários
Saber mais Nova Iorque Wyoming EUA Gender Pay Gap política salários homens mulheres
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio