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Centeno: “Demora 45 anos a renovar o mercado de trabalho” e o país não pode “parar a meio”

O governador do Banco de Portugal entende que Portugal não pode parar a meio do processo sob pena de ficar a perder. Mário Centeno lamenta que o país tenha perdido o "século da educação".

Mário Centeno, governador do Banco de Portugal :José Gageiro/Movephoto
09 de Janeiro de 2024 às 17:18
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Mário Centeno diz que uma sociedade qualificada é uma "alavanca" para a economia portuguesa e que Portugal perdeu o século da educação.

Na entrega do Prémio Professor Jacinto Nunes 2022/2023, o governador do banco central lamentou o atraso do país na educação, argumentando que "demora 45 anos a renovar todo o mercado de trabalho". "Vamos mais ou menos a meio desta revolução silenciosa. Se pararmos a meio não vamos tirar benefícios", alertou.

A "revolução silenciosa", como apelida, refere-se à maior qualificação das novas gerações e que essa é a "grande arma" do país, numa trajetória de "quebrar o tecto que não se vê".

Com mais qualificados no mercado de trabalho do que nunca, a influência no salário é inevitável. Centeno revelou que nos últimos cinco anos, nos setores que pagam abaixo do salário médio, o emprego cresceu 29%, numa "dinâmica mais fraca" comparada aos que remuneram acima destes valores: 44%.

Mário Centeno garantiu que, atualmente, 85% dos jovens em Portugal saem para o mercado de trabalho com o ensino secundário concluído e mais de metade desses com licenciaturas, número que há 20 anos estava abaixo dos 40%.

Nos últimos 10 anos, quase um milhão de jovens licenciados saíram das instituições de educação para o mercado de trabalho. "Entre 2011 e 2022, todos os anos há mais 71 mil licenciados. É um número ímpar que reflete, acima de tudo, o investimento das famílias portuguesas", disse o membro do Banco Central Europeu.

A cerimónia teve lugar na sede do Porto do Banco de Portugal, onde o ex-ministro das Finanças garantiu que o aumento de licenciados oferece à sociedade "níveis de qualificações ímpares na história portuguesa", mas que leva tempo para que a economia absorva todos os licenciados no mercado. "Atingimos o topo da formação europeia. Atingimos e não podemos falhar", reiterou.

O ex-presidente do Eurogrupo destacou o esforço individual dos alunos, assim como o papel das famílias e dos polos universitários no desenvolvimento da educação em Portugal, especialmente na área económica, já que esta "deve ser sempre posta ao serviço da sociedade, para estudar a melhor forma de aumentar o bem-estar das populações."

Cerimónia realizada no Porto

A cerimónia deu-se pela primeira vez na cidade do Porto, naquela que é a 38ª. edição da entrega do prémio que valoriza os jovens estudantes de Economia, com a melhor média final na licenciatura.

Sobre a mudança de local, Mário Centeno diz que "não é por acaso." A sede do Banco de Portugal na Invicta celebra 10 anos e a medida "enquadra-se naquilo que são, no plano estratégico nos últimos anos que temos vindo a implementar, medidas de proximidade e segurança".

* Texto editado por Hugo Neutel
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