Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Especialistas recomendam pausas de 20 minutos para quem está muito tempo frente aos ecrãs  

Regular o ar condicionado e fazer pausas a cada 20 minutos, olhando para longe, são algumas recomendações dos especialistas para compensar as excessivas horas frente ao computador, que apesar de não trazerem lesões permanentes provocam alterações e queixas.

Bruno Simão/Negócios
Negócios 06 de Dezembro de 2017 às 08:10
  • 1
  • ...

"Uma das medidas é seguir a regra dos 20-20-20, ou seja, parar a cada 20 minutos durante 20 segundos e olhar para uma distância de 20 pés, que é cerca de seis metros", explicou à Lusa Fernando Vaz, responsável pelo grupo de ergoftalmologia da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO).

 

O especialista reconhece que "cada vez mais as pessoas usam computadores, tablets ou smartphones e, por isso, estão cada vez mais expostas a um esforço de visão para perto, que exige mais atenção, com o olho mais aberto e que pestaneja menos, ficando por isso mais seco".

 

Fernando Vaz, que falava a propósito do Congresso Português de Oftalmologia, que se realiza entre quinta-feira e sábado, em Vilamoura, sublinha que o uso dos computadores ou tablets "não traz lesões irreversíveis", mas apenas "lesões pontuais", que dão queixas e podem ser compensadas com medidas preventivas.

 

O responsável coordenou um estudo numa empresa de teleperformance, que analisou cerca de 80 funcionários.

 

Segundo explicou, a investigação concluiu que os trabalhadores que tomavam medidas preventivas como as pausas a cada 20 minutos, o lubrificar do olho com lágrima extra, o cuidado com o regular do ar condicionado, tentando manter alguma humidade, conseguiam facilmente recuperar das lesões provocadas pela longa exposição ao ecrã (mais de duas horas).

 

O estudo concluiu que "é preciso que se esteja muito tempo ao computador, mais de duas horas, para ter repercussão e que, se cumprimos algumas regras, atenuamos as queixas e podemos usar o computador com uma melhor performance", explicou Fernando Vaz, sublinhando: "as alterações provocadas são reversíveis, não ficam connosco sempre, mas assim que voltamos às mesmas condições voltam a aparecer as mesmas queixas".

 

"Não há baixa de visão, nem lesões permanentes. Há apenas lesões pontuais enquanto estamos a usar computador por longos períodos, mas que se conseguem controlar com algumas medidas preventivas", acrescentou.

 

O especialista explica que "o olho está preparado para ver ao longe" e recomenda aos pais que regrem o uso dos equipamentos electrónicos aos filhos, insistindo nas pausas a cada 20 minutos, "para olhar para longe e dessa forma relaxar os músculos usados na visão de perto e estimular ou outros".

 

"Fazer pausas não é para sair do sítio. Basta desviar o olhar, olhando para longe, pois vamos relaxar o olho e, ao pestanejar mais, também lubrificamos mais", acrescenta o especialista, para quem o número de horas máximo de uso para os mais novos não deveria exceder as duas horas/dia.

 

Além destas pausas, e dos conselhos para afastar os ecrãs o mais possível, Fernando Vaz frisa a importância de usar a opção 'nightshift' (redução de luminosidade) nos equipamentos, sobretudo a partir de determinada hora (final do dia).

 

"Esta opção diminui a quantidade de luz azul emitida. É que um certo comprimento de onda de luz azul pode chegar à retina e causar potenciais alterações na retina e um aumento da prevalência de uma doença de degenerescência relacionada normalmente com a idade", explica.

 

Além disso, esta luz "dá uma mensagem errada à glândula que regula o estado dia/noite no organismo e diz-lhe que é de dia, logo, o cérebro liberta certas substâncias e mantém-nos acordados", dificultando o adormecer e fazendo com que se tenha um sono mais irrequieto.

 

Por isso, Fernando Vaz defende que se devem evitar estes estímulos entre meia a uma hora antes de deitar.

 

Mas se a exposição excessiva aos ecrãs não provoca lesões permanentes, o mesmo não acontece com o glaucoma, uma doença que se estima afecte 150.000 pessoas em Portugal, mas que ainda assim está subdiagnosticada.

 

O presidente da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia, Monteiro Grillo, insiste na importância da prevenção, uma vez que o glaucoma é um inimigo silencioso da visão, pois na maior parte dos casos não dá sintomas.

 

"A pessoa deve ir ao oftalmologista. Antigamente é que havia menos acesso, sobretudo nas pessoas do interior do país. Hoje é importante lembrar que uma ida ao oftalmologista pode prevenir o aparecimento de lesões irreversíveis", defende.

 

"A prevalência do glaucoma é maior a partir dos 40 anos e é fundamental a pessoa prevenir, (...) sobretudo se na família existe glaucoma", avisa.

 

Monteiro Grillo sublinha que "não se sabe quantos casos de glaucoma estão ignorados" e lembra que, sem prevenção, "muitas dessas pessoas poderão ter problemas complicados de resolver no futuro".

 

Ver comentários
Saber mais Congresso Português de Oftalmologia Fernando Vaz Sociedade Portuguesa de Oftalmologia Monteiro Grillo
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio