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Semana de quatro dias reduziu níveis de exaustão em 19% e melhorou satisfação geral

Resultados iniciais do projeto-piloto revelam uma melhoria do bem-estar dos trabalhadores "três meses após o início" da iniciativa. Redução da frequência de sintomas relacionados com a saúde mental, como fadiga e depressão, são algumas das vantagens elencadas. Quase 15% não mudaria de emprego com semana de quatro dias.

Medidas do OE reduzem o risco de pobreza e as desigualdades.
Stevo Vasiljevic/Reuters
12 de Dezembro de 2023 às 15:38
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A implementação da semana de trabalho de quatro dias reduziu os níveis de exaustão em 19% bem como a frequência de outros sintomas relacionados com saúde mental. As conclusões são do relatório intermédio do projeto-piloto realizado em Portugal ao longo de seis meses, cujos resultados foram divulgados esta terça-feira.

As conclusões do inquérito intermédio – os resultados finais só serão conhecidos em abril – mostram que, entre os cerca de mil trabalhadores das 41 empresas que participaram neste projeto-piloto, verificou-se uma redução da frequência de sintomas relacionados com a saúde mental, como ansiedade, fadiga, depressão, tensão, solidão e insónia ou outros problemas de sono, "três meses após o início do projeto-piloto".

O índice de ansiedade diminuiu em 21%, ao passo que a fadiga reduziu-se em 23%, a insónia e outros problemas de sono em 19%, os estados depressivos e tensão em 21% e a solidão em 14%. Mais de 85% dos trabalhadores tiveram uma melhoria em, pelo menos, um dos indicadores relacionados com a saúde mental.

Além da melhoria em termos de bem-estar, verificou-se que os trabalhadores que participaram neste projeto-piloto conseguiram melhorar a conciliação entre trabalho e família e vida pessoal. Antes do projeto-piloto, 50,5% dos trabalhadores diziam que era difícil ou muito difícil a conciliação entre trabalho e família. Três meses depois do início da implementação deste projeto-piloto, essa percentagem reduziu-se para 9,5%.

No que toca ao número de horas trabalhadas, mais de metade dos trabalhadores conseguiram reduzir o tempo de trabalho no imediato. O número médio de horas semanais efetivamente trabalhadas passou a ser de 36,5, o que significou um redução de 11,3% face ao registado antes do início do projeto-piloto (40 horas semanais). 

No entanto, ao fim de três meses do projeto-piloto, 25% dos trabalhadores não tinha conseguido gozar do dia livre previsto (na maior parte das vezes, à sexta-feira) e 5% referiram que trabalhavam ainda mais de 50 horas por semana. Muitos admitiram ainda que acabavam por usar o dia livre para terminar tarefas pendentes.

14% não mudaria de emprego com semana de quatro dias 
Os resultados intermédios mostram ainda que o valor que os trabalhadores atribuem ao trabalho também se alterou com a introdução da semana de quatro dias. Num cenário hipotético, cerca de 85% dos trabalhadores apenas mudaria para um novo emprego onde trabalhasse cinco dias por semana se pagassem "mais de 20% do que o seu salário atual". Já 14% não mudariam por nenhum valor.

Os benefícios da semana de quatro dias refletiu-se também num aumento da "satisfação geral dos trabalhadores com a vida, com a sua situação financeira, com as suas relações pessoais, com o uso do tempo livre e com o próprio trabalho". Entre isso destaca-se o facto de o número de trabalhadores que não faziam exercício físico caiu de 27% para 14,5%.

A diminuição dos níveis de stress dos trabalhadores foi, aliás, a principal motivação apresentada pelas empresas para participarem neste projeto-piloto (31). Além disso, foram invocadas também outras razões como facilitar o recrutamento e contratação de trabalhadores (22), aumentar a qualidade do serviço (21), facilitar a retenção de trabalhadores e promover a inovação (ambas mencionadas por 20 empresas).

Apesar de haver um "impacto enorme" na saúde mental dos trabalhadores, o coordenador do projeto-piloto Pedro Gomes sublinhou que "estes argumentos não podem ser usados para justificar uma implementação da semana de quatro dias por legislação". Porém, devem ser "encorajadas mais empresas a testar a semana de quatro dias, sobretudo grandes empresas".

(notícia atualizada)
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