Notícia
Portugal entre os países com pior qualidade do emprego
Dados da OCDE mostram que a qualidade do emprego em Portugal está entre as mais baixas entre os 34 países analisados pela instituição.
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) publicou esta quinta-feira, 7 de Julho, o Employment Outlook para 2016. O documento antecipa que o número de pessoas empregadas recue 0,3% este ano, depois de ter avançado 1,1% em 2015, e que a taxa de desemprego feche o ano nos 11,9% (o Governo espera uma média de 11,4% este ano).
Além de antecipar a evolução do mercado de trabalho, a OCDE também analisa alguns indicadores mais finos. É o caso daquilo a que a instituição chama "qualidade do trabalho". Nessa categoria, Portugal está entre os piores da OCDE. "Grécia, Hungria, Polónia, Portugal, Eslováquia, Espanha e Turquia têm resultados relativamente maus em duas ou todas as três dimensões de qualidade do trabalho", sublinham os técnicos da instituição com sede em Paris.
Que dimensões são essas? Salário por hora trabalhada (ajustada pela desigualdade); perda expectável de rendimento em situação de desemprego; e percentagem de trabalhadores com tensão no trabalho.
Na primeira categoria – salário - Portugal é o décimo pior (dados de 2013), mas quase todos os países que têm desempenhos piores não pertencem à Zona Euro. As excepções são a Estónia e a Eslováquia. Quanto à segunda – perda de rendimento no desemprego – a economia portuguesa apresenta o quarto pior resultado, ultrapassada por dois gigantes do desemprego (Grécia e Espanha), bem como pela Itália. Os portugueses esperam perder 11,7% de rendimento ao ficarem ou continuarem desempregados.
Por último, na terceira categoria – tensão no trabalho – Portugal é o oitavo pior, entre 21 países para os quais há dados. 47% dos portugueses a atravessarem algum tipo de dificuldade no seu local de trabalho em 2015. Ainda assim, nesta categoria, Portugal apresentou algum progresso. Em nenhum outro, a tensão no trabalho diminuiu tanto nos últimos dez anos.
Estes problemas não são propriamente recentes. "Em Portugal, a qualidade do emprego era relativamente má antes da crise", escreve a OCDE. "Os dados pós-crise mostram poucas alterações na qualidade dos rendimentos, enquanto a segurança no mercado de trabalho caiu consideravelmente devido ao aumento do desemprego, que ainda está longe de ser absorvido, e a qualidade do ambiente de trabalho melhorou ligeiramente para aqueles que ainda estão empregados.