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INE justifica aumento do salário médio em 5% com recuo no lay-off

As remunerações médias por trabalhador subiram em média 5,1% no trimestre terminado em junho, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Mas a administração pública ficou para trás. INE acredita que parte da explicação está no recuo da adesão das empresas ao lay-off, que "deixou de ter expressão"

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As remunerações médias por trabalhador subiram em média 5,1% no trimestre terminado em junho, em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Com base na informação administrativa que envolve 4,2 milhões de trabalhadores da Segurança Social e da Caixa Geral de Aposentações, o INE revela esta quinta-feira, 12 de agosto, que o aumento no setor privado (6,9%) foi muito superior ao das administrações públicas (0,5%).

O INE está convencido que a evolução está relacionada com a acentuada quebra das empresas em regime de lay-off.

"Em parte, esta aceleração está associada ao facto de, no mesmo período de 2020, uma proporção significativa de empresas (26,7%) ter recorrido ao regime de lay-off simplificado. Esse regime impôs uma redução das remunerações, visando proteger o emprego", diz o INE, explicando que os cortes salariais chegaram a um terço das remunerações. Estas empresas abrangiam, na altura, quase metade dos trabalhadores (49%).

Em junho deste ano, apenas 2,9% do total de empresas tinham trabalhadores em regime de lay-off simplificado, o que abrange 4% dos trabalhadores. 

"O lay-off simplificado deixou de ter expressão, originando uma recuperação das remunerações com o seu retorno aos níveis anteriores na grande maioria das empresas que beneficiaram daquele regime", indica o destaque publicado esta quinta-feira.

Assim, no setor privado, depois da subida nominal de 6,9%, a remuneração total média bruta subiu para 1.234 euros. Já nas administrações públicas, onde as qualificações são geralmente mais altas, o valor médio subiu 0,5% para 2.146 euros em junho de 2021.

Os regimes de lay-off implicaram no ano passado cortes salariais. Este ano, nos termos da lei do orçamento, as remunerações devem manter-se, embora o Governo tenha aberto a porta a exceções.

O INE não faz considerações sobre a forma como a recomposição do emprego pode ter afetado a evolução dos salários, mas sublinha que "os dados administrativos provenientes das duas fontes acima apontam para um aumento de 2,8% no número de trabalhadores em relação o mesmo período do ano anterior (tinha diminuído 2,2% em março)".

Trata-se do valor mais alto desde março de 2020, mês que marca o início da pandemia.

Empresas em lay-off reduziram emprego

O que esta análise também mostra é que as empresas que recorreram pelo menos um mês a um regime de lay-off ou ao apoio extraordinário à família registaram maiores quebras no número de trabalhadores do que as que não recorreram.



"As empresas layoff observaram aumentos no número de trabalhadores acima de 5% até março de 2020. No trimestre terminado em maio, o número de trabalhadores permaneceu praticamente inalterado e desde então tem-se verificado decréscimos cada vez mais acentuados", que chegaram aos 4,7% em março.

Contudo, "em junho de 2021, foi interrompida esta tendência de diminuição, verificando-se um ligeiro aumento, de 0,5%".

As empresas que passam pelo regime de lay-off estão proibidas de avançar para despedimentos coletivos ou por extinção de posto e trabalho no prazo de dois meses (que será estendido para três). Podem sempre, independentemente do prazo, dispensar trabalhadores precários, assinar rescisões por acordo ou, naturalmente, contratar menos trabalhadores do que os que saem.

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