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2 - Estratégia temporal: longo prazo, curto prazo, day trading

16 de Outubro de 2008 às 17:18
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Os leitores já viram e agora a história repete-se veementemente: temos objectivos de longo prazo, com estratégia em conformidade. Não somos especuladores, somos investidores, e esse é o nosso nome de baptismo.

Quem quiser de outra maneira, tudo bem, basta obter a perícia adequada e essa é maior que a dada por um livro para iniciados, embora este possa ser a pia de baptismo. Agora uma promessa: não confunda estratégia de longo prazo com a chamada “buy and hold” (comprar e guardar), nem esta com a que veremos a seguir (“Value investing”), que é de longo prazo, mas diferente da “comprar e guardar” — esta, aliás, referida como “in­génua” (naïve) em teoria de investimentos. Quanto ao médio/curto prazo, o leitor pode preferir ser um especulador, e mais uma vez o abençoamos com a tranquilizadora frase: A vida é sua, meu amigo, “do what you want”.

Mas para isso, não lhe chega este livro, de forma nenhuma. Estudo, trabalho de campo e perícia, ou nada feito. Isso realizado, porque não? Passe cá por casa, no Ferrari, jactando no nosso conser­vadorismo, e bebemos um irlandês. Mas olhe que as probabilidades estão contra si.Recentemente é possível em Portugal especular em Bolsa pelo período de um dia (“Day trading”), aqui permitindo-se o que se chama “short selling”. Não se meta nisto. Eu desaconselho-o fortemente. E a sua mãe de certeza que faz o mesmo. Como vimos, ao falar dos movimentos do mercado, os de curto prazo são aleatórios. Realmente, está estudado que, para o muito curto prazo, a sequência das cotações é classificável matematicamente como de números aleatórios.

E nem podia deixar de ser assim visto que as cotações são determinadas ao momento pelo fluxo de informação nova que é recebida no mercado. O fundador da Value Line dizia que nunca tinha visto um especulador de curto prazo ter êxito consistentemente, nem sabia de alguém que conhecesse uma pessoa nessas circunstâncias.

Valha-me Deus! A excepção impõe-se, como em quase tudo. Em estratégia oportunística, o investidor não deverá nunca, ainda menos por dogmatismo, recusar uma oportunidade de preço que o mercado lhe ofereça, aproveitando para concretizar uma mais-valia rápida. Isso acontece com relativa frequência em situações de “Reacção ao Bull Market” e em “Sell Off” já exangue. Para exemplificar, com o Mundo aterrorizado com o subprime e a recessão nos Estados Unidos, entre o “Sell Off” de 21 de Janeiro e final do mesmo mês de 2008, ganhava-se, com títulos do PSI20, entre 5 e 20%, em 10 dias. Bem bom! Em suma: a sua estratégia é de longo prazo, mas não recusa oportunidades.

Aliás, para aproveitar em toda a extensão as vantagens comparativas da sua reduzida dimensão como investidor e da opção pela estratégia “Timing the Market” (vide adiante), estes movimentos relativamente rápidos são de preceito. Seria um pecado, neste jogo assimétrico, prescindir de uma superioridade sobre concorrentes já bastante beneficiados por outras circunstâncias. Só não se esqueça de uma boa dose de segurança na decisão e no “timing” e da sempre presente Stop-Loss para as desgraças.

Uma maneira interessante de pôr tudo isto em coerência e perspectiva é seguir a recomendação e a justificação de Jim Cramer: como as oportunidades existem, um investidor estará, no fundo, a diversificar a sua carteira, reservando uma parte dos seus fundos para ocasiões caracterizadas pela rapidez, mantendo, porém, a orientação fundamental de longo prazo.

In “A Bolsa Para Iniciados”, de Fernando Braga de Matos
Editorial Presença
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