Notícia
Yellen vai à China discutir práticas comerciais que EUA consideram desleais
Yellen espera discutir "os investimentos massivos realizados na China em alguns setores industriais, causadores de excesso de capacidade" em matéria de produção, declarou a jornalistas.
04 de Abril de 2024 às 08:55
A secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, viajou na quarta-feira para a China, a sua segunda visita ao país em menos de um ano, para discutir práticas comerciais chinesas, que Washington considera "desleais".
A viagem, que se prolonga até terça-feira, deve começar em Guangzhou, no sul, com uma reunião com empresários norte-americanos instalados na China e dirigentes locais, antes de se dirigir para Pequim.
Nesta cidade, vai reunir com o vice-primeiro-ministro He Lifeng, antes de se reunir na capital com o seu homólogo, Lan Fo'an, bem como o primeiro-ministro, Li Qiang, e o governador do banco central, Pan Gongsheng.
A deslocação ocorre oito meses depois da viagem anterior, que então permitiu estabilizar uma relação conflitual entre as duas maiores economias mundiais, graças em particular à criação de grupos de trabalho bilaterais.
Desta vez, Yellen espera discutir "os investimentos massivos realizados na China em alguns setores industriais, causadores de excesso de capacidade" em matéria de produção, declarou a jornalistas.
"Inquietamo-nos com as consequências que podem ter os subsídios chineses nessas indústrias na economia dos EUA e de outros países", acrescentou.
Entre aqueles setores, Yellen mencionou o das baterias de lítio e dos veículos elétricos, nos quais os EUA procuram eles próprios desenvolver a sua produção através de subsídios.
Questionada sobre a possibilidade de colocar a hipótese de tarifas alfandegárias na mesa para pressionar a China, Yellen garantiu que "não querer excluir qualquer meio" que permita a proteção das indústrias dos EUA.
Os norte-americanos já se confrontam com um excesso de produção chinesa, disse à AFP o subsecretário do Tesouro, Jay Shambaugh, considerando que isso "não é uma coisa a que se assista passivamente".
Washington quer discutir os objetivos de produção de Pequim "que, de facto, ultrapassam o que o mercado mundial pode absorver", acrescentou.
Mas, se forma tomadas medidas protecionistas, é importante que Pequim compreenda que "não se tratam de medias anti-China", relativizou Shambaugh.
No final de 2023, Yellen garantira que Washington iria continuar a solicitar mais clareza sobre a política económica chinesa, prevenindo que a segunda economia mundial era "demasiado importante para assentar o seu crescimento nas exportações".
Mas as dificuldades no imobiliário ou o endividamento ao nível local fazem recear que os choques que abalam o país acabem por se refletir ao nível mundial.
Contudo, as relações económicas bilaterais "são indubitavelmente mais sólidas do que há dois anos", afirmou um dirigente do Tesouro.
Brent Neiman, conselheiro de Yellen, deu o exemplo de os bancos centrais dos dois países terem comparado as suas modelizações do risco climático.
"Conhecemos os nossos homólogos, os seus sistemas e eles conhecem os nossos. E francamente, se aparecer algum problema, sabemos a quem ligar", disse à AFP.
"A degradação das relações sino-norte-americanas acabou no final do ano passado", estimou Bill Bishop, editor da 'newsletter' Sinocism, "e nada indica uma inversão da tendência".
Pequim está, contudo, "sensível e enervada" pelos esforços realizados para restringir o seu acesso aos semicondutores de alta tecnologia, quando procura aumentar a cadeia de valor da sua economia.
Mas, com a aproximação das eleições presidenciais nos EUA, "nenhuma das duas partes tenciona lançar negociações ou iniciativas bilaterais", considerou Patrícia Kim, investigadora na Brookings Institution.
"Pequim, como muitas outras capitais, espera para vencer quem ganha", entre Joe Biden e Donald Trump, cujo mandato tinha sido marcado por uma forte subida das tensões comerciais, sublinhou.
A visita anterior de Yellen a Pequim foi objeto de muita atenção na China.
Em editorial publicado na semana passada, o diário estatal China Daily sublinhou que Yellen é conhecida pelas suas "posições pragmáticas e otimistas" sobre as relações sino-norte-americanas.
A viagem, que se prolonga até terça-feira, deve começar em Guangzhou, no sul, com uma reunião com empresários norte-americanos instalados na China e dirigentes locais, antes de se dirigir para Pequim.
A deslocação ocorre oito meses depois da viagem anterior, que então permitiu estabilizar uma relação conflitual entre as duas maiores economias mundiais, graças em particular à criação de grupos de trabalho bilaterais.
Desta vez, Yellen espera discutir "os investimentos massivos realizados na China em alguns setores industriais, causadores de excesso de capacidade" em matéria de produção, declarou a jornalistas.
"Inquietamo-nos com as consequências que podem ter os subsídios chineses nessas indústrias na economia dos EUA e de outros países", acrescentou.
Entre aqueles setores, Yellen mencionou o das baterias de lítio e dos veículos elétricos, nos quais os EUA procuram eles próprios desenvolver a sua produção através de subsídios.
Questionada sobre a possibilidade de colocar a hipótese de tarifas alfandegárias na mesa para pressionar a China, Yellen garantiu que "não querer excluir qualquer meio" que permita a proteção das indústrias dos EUA.
Os norte-americanos já se confrontam com um excesso de produção chinesa, disse à AFP o subsecretário do Tesouro, Jay Shambaugh, considerando que isso "não é uma coisa a que se assista passivamente".
Washington quer discutir os objetivos de produção de Pequim "que, de facto, ultrapassam o que o mercado mundial pode absorver", acrescentou.
Mas, se forma tomadas medidas protecionistas, é importante que Pequim compreenda que "não se tratam de medias anti-China", relativizou Shambaugh.
No final de 2023, Yellen garantira que Washington iria continuar a solicitar mais clareza sobre a política económica chinesa, prevenindo que a segunda economia mundial era "demasiado importante para assentar o seu crescimento nas exportações".
Mas as dificuldades no imobiliário ou o endividamento ao nível local fazem recear que os choques que abalam o país acabem por se refletir ao nível mundial.
Contudo, as relações económicas bilaterais "são indubitavelmente mais sólidas do que há dois anos", afirmou um dirigente do Tesouro.
Brent Neiman, conselheiro de Yellen, deu o exemplo de os bancos centrais dos dois países terem comparado as suas modelizações do risco climático.
"Conhecemos os nossos homólogos, os seus sistemas e eles conhecem os nossos. E francamente, se aparecer algum problema, sabemos a quem ligar", disse à AFP.
"A degradação das relações sino-norte-americanas acabou no final do ano passado", estimou Bill Bishop, editor da 'newsletter' Sinocism, "e nada indica uma inversão da tendência".
Pequim está, contudo, "sensível e enervada" pelos esforços realizados para restringir o seu acesso aos semicondutores de alta tecnologia, quando procura aumentar a cadeia de valor da sua economia.
Mas, com a aproximação das eleições presidenciais nos EUA, "nenhuma das duas partes tenciona lançar negociações ou iniciativas bilaterais", considerou Patrícia Kim, investigadora na Brookings Institution.
"Pequim, como muitas outras capitais, espera para vencer quem ganha", entre Joe Biden e Donald Trump, cujo mandato tinha sido marcado por uma forte subida das tensões comerciais, sublinhou.
A visita anterior de Yellen a Pequim foi objeto de muita atenção na China.
Em editorial publicado na semana passada, o diário estatal China Daily sublinhou que Yellen é conhecida pelas suas "posições pragmáticas e otimistas" sobre as relações sino-norte-americanas.