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Tarifas de Trump contra a China podem significar deflação na Europa, diz governador holandês
Klaas Knot alerta que com a imposição de tarifas, a China pode vir "a oferecer os seus bens na Europa a preços cada vez mais baixos". Também o governador austríaco admitiu que esta medida pode ter impacto na economia europeia.
A guerra comercial entre EUA e China pode fazer com que Pequim venda bens à Europa a preços de saldo, o que pode gerar um fenómeno de "exportação da deflação". O aviso é deixado pelo governador do banco central dos Países Baixos e membro do conselho do Banco Central Europeu (BCE), Klaas Knot, em entrevista à imprensa holandesa, citada pela Bloomberg.
Ao ver as exportações mais caras para quem compra nos EUA, as empresas chinesas podem vir "a oferecer os seus bens na Europa a preços cada vez mais baixos", começou por antecipar Klaas Knot. Este é, aliás, um fenómeno que já se começa a observar "no mercado do aço, e desta forma a China está de certa forma a exportar deflação" para a Europa, acrescentou o governador holandês em entrevista ao Volkskrant.
O Presidente eleito dos EUA, Donald Trump, prometeu impor tarifas a vários países, incluindo a China. Trump quer taxar em 10% os bens chineses e em 25% os bens mexicanos e canadianos devido ao que alega ser a entrada massiva de drogas e imigrantes ilegais em território norte-americano. Se tal promessa irá mesmo ser cumprida é algo que divide os analistas: há os que acreditam que sim e os que acham que se trata de uma manobra política, que permite uma maior margem negocial.
Ora, "se rebentar uma guerra comercial, isso será extremamente negativo para a economia a nível global, sobretudo para o crescimento, assim como para a inflação", alerta o governador holandês, que dá o exemplo do seu país: "isso é mau para uma economia aberta como a dos Países Baixos". Do lado da China, Pequim "já deixou claro que está preparada para o que surgir dos EUA".
As declarações de Klaas Knot surgem dois dias depois de também o governador do banco central da Áustria ter admitido que a imposição de tarifas por parte da administração Trump à China pode ter impacto na economia europeia.
Robert Holzmann, que é amplamente considerado um falcão da inflação, também foi questionado sobre a perspetiva de o novo Presidente dos EUA impor tarifas comerciais e sobre como isso poderia afetar o crescimento económico, as pressões sobre os preços e a política monetária.
"Um cenário provável é que as tarifas de Trump conduzam a um abrandamento geral do crescimento, mas também criem pressão inflacionista. Mais nos EUA do que para nós", afirmou, sublinhado, no entanto, que a dimensão do impacto desta medida na Europa "dependerá, fundamentalmente, da valorização do dólar e da depreciação do euro".
Desde que Donald Trump foi eleito Presidente dos EUA, no passado dia 5 de novembro, o euro cedeu quase 4% contra a divisa norte-americana, estando a negociar na fasquia dos 1,04 dólares.