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Subida de juros chega no pior momento

Para a economia portuguesa, qualquer subida de taxas de juro significa um novo aperto no orçamento dos vários agentes económicos. Os particulares vêem os juros que pagam mensalmente pelos seus empréstimos subir, forçando-os a cortar no consumo. As empresa

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Para a economia portuguesa, qualquer subida de taxas de juro significa um novo aperto no orçamento dos vários agentes económicos. Os particulares vêem os juros que pagam mensalmente pelos seus empréstimos subir, forçando-os a cortar no consumo. As empresas ficam com o orçamento mais apertado e limitam o investimento. O Estado também paga mais juros e tem de encontrar novas formas de controlar o défice.

O resultado será, necessariamente, uma contracção da procura interna, precisamente aquela que, nos últimos trimestres tem conseguido colocar a variação do PIB ainda em terreno positivo. «No curto prazo, esta subida de taxas não ajuda Portugal», afirma Miguel Beleza. O economista explica que «todos os agentes económicos estão endividados e, por isso, é evidente que qualquer custo adicional não é simpático», antevendo que o consumo privado e o investimento das empresas venham a ser afectados.

«Portugal, devido ao seu endividamento, está muito frágil a qualquer subida de taxas de juro», afirma o economista João César das Neves, considerando que o impacto pode ser «negativo, embora não dramático». «Com a subida das taxas será ainda mais difícil crescer», acredita Pedro Ramos, professor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.

No longo prazo, lembram os economista, o efeito até pode ser positivo. João César das Neves afirma que taxas mais altas podem constituir um incentivo à poupança e evitar «investimento tontos, só admissíveis graças às taxas baixas». «Taxas moderadamente altas são boas para a economia», defende. Miguel Beleza também afirma que «no prazo mais longo tem vantagens para Portugal, que precisa de poupança».

Quanto a uma possível intervenção do Governo para ajudar a solucionar este problema, os economistas estão contra um apoio do tipo subsídio. «É claro que algumas famílias vão sofrer. Mas não me parece razoável nem possível pedir a intervenção do Governo», diz Pedro Ramos.

O Governo tem de «definir e cumprir uma boa política de falências, contribuir para a maior responsabilização de todos nesta matéria e sobretudo criar condições para que a economia reentre numa trajectória de crescimento sustentado», afirma Teodora Cardoso. César das Neves defende que «grande endividamento paralisador é o do Governo» e que, por isso, «o Governo que trate de si e deixe o mercado tratar do resto».

Precipitação do BCE?

Os economistas contactados colocam ainda dúvidas quanto à intensidade do ciclo de subida de taxas e alguns consideram que a provável decisão de amanhã pode ser precipitada.

Para Teodora Cardoso, caso o BCE decida subir os juros pode estar a ser «precipitado», sobretudo «porque me parece demasiado cedo para falar de retoma na União Europeia, em especial de uma retoma já a requerer contenção».

Pedro Ramos, professor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, defende que «não é claro que se esteja a iniciar um ciclo de subida das taxas de juro». Além disso, lembra que a tendência de alta do petróleo parece estar mais «sustida» e a inflação na Europa «já está em regressão».

César das Neves diz que há suficientes sinais inflacionistas para justificar a subida, mas recusa a ideia de «um ciclo de subidas, pois a situação mantém-se controlada». Beleza afirma igualmente acreditar que as subidas a realizar pelo BCE vão ser moderadas.

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