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Segundo empréstimo à Grécia pendurado por "detalhes"?

Em Bruxelas respira-se optimismo e tudo aponta para que haja hoje "luz verde" ao segundo empréstimo à Grécia. Mas ainda há nós por desatar. Um deles tem a ver com quem empresta quanto. Outro, hiper-delicado, com supervisão mais apertada. Holanda quer troika com morada permanente em Atenas.

20 de Fevereiro de 2012 às 16:10
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Os ministros das Finanças dos países do euro estão reunidos em Bruxelas, num encontro que se espera decisivo em relação ao segundo empréstimo à Grécia, sem o qual o país corre o risco de, dentro de um mês, entrar em bancarrota.

À chegada à capital belga, o ministro grego disse estar "confiante" na possibilidade de se fechar um acordo que se arrasta há longos meses, e assegurou que todas as condições exigidas às autoridades do país estão cumpridas – a bola está agora do lado dos credores.

"A Grécia cumpriu todas as condições para a aprovação do novo programa", afirmou Evangelos Venizelos, que será hoje acompanhado do primeiro-ministro, Lucas Papademos (ambos na foto, acima). Citado pela Lusa, o ministro garantiu que os gregos estão a mostrar à Europa que têm feito e continuarão a fazer "os sacrifícios necessários para que o nosso país recupere o seu lugar na família europeia".

A troco de um segundo empréstimo, da ordem dos 130 mil milhões de euros, e do perdão de metade da dívida grega detida pela banca (cerca de 100 mil milhões de euros), os parceiros do euro exigiram três grandes condições a Atenas: a aprovação pelo parlamento de um novo plano de reformas e de poupanças avaliadas em 3,2 mil milhões de euros que pressupõe, entre outros, a descida do salário mínimo e corte nas pensões; o compromisso dos dirigentes políticos de que cumprirão esse plano independentemente de quem formar governo, na sequência das eleições apalavradas para Abril; e uma negociação com a banca privada que assegure um perdão com dimensão suficiente para que o rácio de endividamento do país possa ser reduzido para 120% do PIB em 2020.

FMI mais prudente

Este último é um dos pontos que ainda não está fechado e que tem alimentado especulações em torno do envolvimento do BCE no processo de alívio do endividamento grego.

A dificultar as contas está ainda possibilidade, noticiada na sexta-feira pelo Wall Street Journal, de o FMI contribuir com apenas 13 mil milhões de euros para este segundo empréstimo, quando, à partida, se esperava que suportasse um terço do total. De acordo com o jornal norte-americano, esta participação mais reduzida – o FMI contribui com 30 mil milhões de euros para o primeiro plano de ajuda à Grécia que totalizou 110 mil milhões – deve-se o facto alguns dos países accionista do Fundo temerem que a instituição esteja já excessivamente exposta à crise europeia. A líder do FMI, Christine Lagarde, está hoje também em Bruxelas.


Troika com morada permanente em Atenas?

Também persistem dúvidas em relação à solidez dos compromissos políticos assumidos pelos partidos políticos gregos, com Alemanha, Holanda, Finlândia e Luxemburgo, em particular, a exigirem a implementação de um mecanismo de acompanhamento que ofereça garantias de que as medidas acordadas estão efectivamente a ser levadas à prática.

"É importante estabelecer um sistema de supervisão que, em parceria com as autoridades gregas, assegure que este programa é implementado depois das eleições", insistiu esta tarde o ministro luxemburguês das Finanças, Luc Frieden.

Mais exigente foi o seu colega holandês, Jan Kees de Jager (na foto, ao lado de Jean-Claude Trichet, antigo presidente do BCE), que se mostrou favorável a uma "presença permanente da troika" em Atenas. Questionado sobre se os representantes dos credores internacionais teriam direito de veto sobre matérias com impacto orçamental, o responsável holandês deu uma resposta dúbia, que admite a possibilidade de veto, ainda que limitada: "Em certas matérias, um país permanence, até certo ponto, sempre soberano", disse, citado pelo "The Guardian".

Na sequência de uma proposta franco-alemã, vários países defendem igualmente que, neste segundo empréstimo, se crie uma conta à parte para garantir que haverá pelo menos dinheiro para honrar os empréstimos obrigacionistas que se vencem no horizonte mais imediato, afastando, assim, o risco de uma bancarrota desordenada da Grécia.

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