Notícia
Segundo empréstimo à Grécia pendurado por "detalhes"?
Em Bruxelas respira-se optimismo e tudo aponta para que haja hoje "luz verde" ao segundo empréstimo à Grécia. Mas ainda há nós por desatar. Um deles tem a ver com quem empresta quanto. Outro, hiper-delicado, com supervisão mais apertada. Holanda quer troika com morada permanente em Atenas.
Os ministros das Finanças dos países do euro estão reunidos em Bruxelas, num encontro que se espera decisivo em relação ao segundo empréstimo à Grécia, sem o qual o país corre o risco de, dentro de um mês, entrar em bancarrota.
À chegada à capital belga, o ministro grego disse estar "confiante" na possibilidade de se fechar um acordo que se arrasta há longos meses, e assegurou que todas as condições exigidas às autoridades do país estão cumpridas – a bola está agora do lado dos credores.
"A Grécia cumpriu todas as condições para a aprovação do novo programa", afirmou Evangelos Venizelos, que será hoje acompanhado do primeiro-ministro, Lucas Papademos (ambos na foto, acima). Citado pela Lusa, o ministro garantiu que os gregos estão a mostrar à Europa que têm feito e continuarão a fazer "os sacrifícios necessários para que o nosso país recupere o seu lugar na família europeia".
A troco de um segundo empréstimo, da ordem dos 130 mil milhões de euros, e do perdão de metade da dívida grega detida pela banca (cerca de 100 mil milhões de euros), os parceiros do euro exigiram três grandes condições a Atenas: a aprovação pelo parlamento de um novo plano de reformas e de poupanças avaliadas em 3,2 mil milhões de euros que pressupõe, entre outros, a descida do salário mínimo e corte nas pensões; o compromisso dos dirigentes políticos de que cumprirão esse plano independentemente de quem formar governo, na sequência das eleições apalavradas para Abril; e uma negociação com a banca privada que assegure um perdão com dimensão suficiente para que o rácio de endividamento do país possa ser reduzido para 120% do PIB em 2020.
FMI mais prudente
Este último é um dos pontos que ainda não está fechado e que tem alimentado especulações em torno do envolvimento do BCE no processo de alívio do endividamento grego.
A dificultar as contas está ainda possibilidade, noticiada na sexta-feira pelo Wall Street Journal, de o FMI contribuir com apenas 13 mil milhões de euros para este segundo empréstimo, quando, à partida, se esperava que suportasse um terço do total. De acordo com o jornal norte-americano, esta participação mais reduzida – o FMI contribui com 30 mil milhões de euros para o primeiro plano de ajuda à Grécia que totalizou 110 mil milhões – deve-se o facto alguns dos países accionista do Fundo temerem que a instituição esteja já excessivamente exposta à crise europeia. A líder do FMI, Christine Lagarde, está hoje também em Bruxelas.
Troika com morada permanente em Atenas?
Também persistem dúvidas em relação à solidez dos compromissos políticos assumidos pelos partidos políticos gregos, com Alemanha, Holanda, Finlândia e Luxemburgo, em particular, a exigirem a implementação de um mecanismo de acompanhamento que ofereça garantias de que as medidas acordadas estão efectivamente a ser levadas à prática.
"É importante estabelecer um sistema de supervisão que, em parceria com as autoridades gregas, assegure que este programa é implementado depois das eleições", insistiu esta tarde o ministro luxemburguês das Finanças, Luc Frieden.
Mais exigente foi o seu colega holandês, Jan Kees de Jager (na foto, ao lado de Jean-Claude Trichet, antigo presidente do BCE), que se mostrou favorável a uma "presença permanente da troika" em Atenas. Questionado sobre se os representantes dos credores internacionais teriam direito de veto sobre matérias com impacto orçamental, o responsável holandês deu uma resposta dúbia, que admite a possibilidade de veto, ainda que limitada: "Em certas matérias, um país permanence, até certo ponto, sempre soberano", disse, citado pelo "The Guardian".
Na sequência de uma proposta franco-alemã, vários países defendem igualmente que, neste segundo empréstimo, se crie uma conta à parte para garantir que haverá pelo menos dinheiro para honrar os empréstimos obrigacionistas que se vencem no horizonte mais imediato, afastando, assim, o risco de uma bancarrota desordenada da Grécia.
À chegada à capital belga, o ministro grego disse estar "confiante" na possibilidade de se fechar um acordo que se arrasta há longos meses, e assegurou que todas as condições exigidas às autoridades do país estão cumpridas – a bola está agora do lado dos credores.
A troco de um segundo empréstimo, da ordem dos 130 mil milhões de euros, e do perdão de metade da dívida grega detida pela banca (cerca de 100 mil milhões de euros), os parceiros do euro exigiram três grandes condições a Atenas: a aprovação pelo parlamento de um novo plano de reformas e de poupanças avaliadas em 3,2 mil milhões de euros que pressupõe, entre outros, a descida do salário mínimo e corte nas pensões; o compromisso dos dirigentes políticos de que cumprirão esse plano independentemente de quem formar governo, na sequência das eleições apalavradas para Abril; e uma negociação com a banca privada que assegure um perdão com dimensão suficiente para que o rácio de endividamento do país possa ser reduzido para 120% do PIB em 2020.
FMI mais prudente
Este último é um dos pontos que ainda não está fechado e que tem alimentado especulações em torno do envolvimento do BCE no processo de alívio do endividamento grego.
A dificultar as contas está ainda possibilidade, noticiada na sexta-feira pelo Wall Street Journal, de o FMI contribuir com apenas 13 mil milhões de euros para este segundo empréstimo, quando, à partida, se esperava que suportasse um terço do total. De acordo com o jornal norte-americano, esta participação mais reduzida – o FMI contribui com 30 mil milhões de euros para o primeiro plano de ajuda à Grécia que totalizou 110 mil milhões – deve-se o facto alguns dos países accionista do Fundo temerem que a instituição esteja já excessivamente exposta à crise europeia. A líder do FMI, Christine Lagarde, está hoje também em Bruxelas.
Troika com morada permanente em Atenas?
Também persistem dúvidas em relação à solidez dos compromissos políticos assumidos pelos partidos políticos gregos, com Alemanha, Holanda, Finlândia e Luxemburgo, em particular, a exigirem a implementação de um mecanismo de acompanhamento que ofereça garantias de que as medidas acordadas estão efectivamente a ser levadas à prática.
"É importante estabelecer um sistema de supervisão que, em parceria com as autoridades gregas, assegure que este programa é implementado depois das eleições", insistiu esta tarde o ministro luxemburguês das Finanças, Luc Frieden.
Mais exigente foi o seu colega holandês, Jan Kees de Jager (na foto, ao lado de Jean-Claude Trichet, antigo presidente do BCE), que se mostrou favorável a uma "presença permanente da troika" em Atenas. Questionado sobre se os representantes dos credores internacionais teriam direito de veto sobre matérias com impacto orçamental, o responsável holandês deu uma resposta dúbia, que admite a possibilidade de veto, ainda que limitada: "Em certas matérias, um país permanence, até certo ponto, sempre soberano", disse, citado pelo "The Guardian".
Na sequência de uma proposta franco-alemã, vários países defendem igualmente que, neste segundo empréstimo, se crie uma conta à parte para garantir que haverá pelo menos dinheiro para honrar os empréstimos obrigacionistas que se vencem no horizonte mais imediato, afastando, assim, o risco de uma bancarrota desordenada da Grécia.