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Salários na UE com perda real de 2,4% na primeira metade de 2022, diz OIT

A nível global, o recuo é de 0,9%. Ajustamento salarial não está a ser suficiente para compensar a subida no custo de vida nem acompanha produtividade. OIT vê margem para maiores subidas sem alimentar inflação.

No grupo minoritário de não abrangidos pela contratação coletiva, estão trabalhadores mais qualificados e empresas mais produtivas.
Bruno Simão
30 de Novembro de 2022 às 15:22
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Os trabalhadores da União Europeia conheceram na primeira metade deste ano uma perda real no valor das remunerações de 2,4%, mostram dados publicados nesta quarta-feira pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).

 

A estimativa da OIT, publicada no "Global Wage Report", coloca as perdas reais a nível global nos 0,9%, com o recuo no valor real de salários a ser registado pela primeira vez desde que existe a publicação bianual, iniciada em 2008.

 

Por região, a UE regista uma das perdas mais profundas, traduzindo um impacto maior da inflação na deterioração dos salários ocorrida em países de rendimentos mais elevados.

 

Considerando apenas os países da Europa de Leste, a perda real nas remunerações é maior e atinge os 3,3%.

 

Nos Estados Unidos e Canadá, os salários enfrentam uma perda real de 3,2%, e na América Latina e Caraíbas a perda é medida em 1,7%. Também os salários no continente africano quebram em 0,5%.

 

Em contraste, a região ocidental e central da Ásia vê algum abrandamento, mas com um crescimento real de salários em 2,5%. A Ásia Pacífico conhece um avanço de 1,3%, e também os Estados árabes veem ainda melhorias reais de 1,2%.

 

As quebras na maioria das regiões do globo são dramáticas, reflete a OIT, que nas 20 maiores economias mundiais vê o poder de compra dos salários a cair 2,2% e considera que os dados "claramente indicam que os salários nominais em muitos países não foram suficientemente ajustados para compensar o aumento do custo de vida".

 

A organização destaca que a erosão sentida neste ano vem juntar-se a perdas salariais significativas sentidas pelos trabalhadores durante a crise da Covid-19. No caso europeu, sustidas pelos apoios atribuídos para garantir a manutenção do emprego, com o salários a crescerem em termos reais 0,4% em 2020 e 1,3% em 2021.

Mas, além de os salários não estarem de uma forma geral a acompanhar a inflação, estão também a alargar o desvio relativamente àquela que tem sido a evolução da produtividade, alerta o documento da OIT.

 

Segundo este, em 52 países de rendimentos elevados para os quais há dados disponíveis, os salários têm vindo a crescer abaixo da produtividade desde 2000. Mesmo com o fosso um pouco atenuado em 2020, ano de quebra na produtividade devido ao embate da pandemia no grupo analisado, em termos acumulados, nos últimos 22 anos a produtividade cresce 12,6 pontos percentuais acima das remunerações, na maior diferença de sempre. O aumento anual real da produtividade é de 1,2%, contra uma subida anual de 0,6% nas remunerações em termos reais.

Com os dados que apontam para que os salários estejam a ficar para trás face à evolução da inflação e da produtividade, a OIT admite riscos reduzidos de que o aumento das remunerações contribua para acelerar os preços. "Parece haver margem em muitos países para aumentar salários sem receio de gerar uma espiral salários-preços", defende.

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