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Recuperação do comércio mostra que a globalização está viva

A pandemia da covid-19 deveria colocar o último prego no caixão da globalização e provocar um retrocesso rumo a uma nova era de protecionismo. Em vez disso, alguns chamam agora à crise o grande acelerador.

Andrey Rudakov/Bloomberg
05 de Dezembro de 2020 às 12:00
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A queda no comércio internacional foi rápida e acentuada durante as primeiras paralisações causadas pelo coronavírus, mas a recuperação impulsionada por estímulos orçamentais e monetários de emergência teve quase a mesma força. O comércio global encerra o ano em forte recuperação.

Após dois anos de guerra tarifária entre Estados Unidos e China, o comércio realizado através de grandes redes de fornecedores - o bicho-papão dos defensores do protecionismo - tem atuado como tábua de salvação para consumidores e amortecedor para muitas empresas como a Samsonite International e a Walgreens Boots Alliance, que estão a reforçar as suas fontes de produção no estrangeiro, em vez de se retirarem dos mercados globais.

"O que aprendemos é que as cadeias de fornecimento são flexíveis e adaptáveis", disse o economista-chefe da Organização Mundial do Comércio, Robert Koopman, em entrevista. "O comércio é parte da solução."

Natalie Blyth, responsável global de financiamento de comércio do HSBC, não vê as empresas a trazerem as cadeias de fornecimento para os seus mercados domésticos como forma de proteção contra novos riscos. Pelo contrário.

A responsável acredita que a pandemia está a atuar como o "grande acelerador" no que diz respeito ao comércio, especialmente com a ajuda da tecnologia, à medida que as empresas fortalecem as bases regionais enquanto se voltam para a crescente classe média de cerca de três mil milhões de consumidores em toda a Ásia.

"O modelo de stock just-in-time supereficiente e bem ajustado falhou na fase um da covid. Mas o ‘reshoring' não é a solução para isso, é a diversificação", comentou, referindo-se à estratégia de transferir a produção para os países de origem.

No início do ano, a OMC previu que os fluxos de comércio global poderiam cair até 32%, o que teria superado a pior queda da Grande Depressão.

Se os números atuais se mantiverem no quarto trimestre, a OMC antecipa que o comércio global de mercadorias cairá apenas 9,2% em 2020, menos do que a queda de 12% no comércio global em 2009 no auge da crise financeira.

Em resposta à pandemia, as multinacionais estão a desenvolver soluções e a encontrar novos locais para produzir os seus produtos.

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