Notícia
Rajoy: "Não é hora de construir aeroportos e estradas"
O primeiro-ministro espanhol admitiu esta segunda-feira que há partes do Orçamento do Estado que o próprio Executivo "não gosta". O FT considera que este Orçamento contém o risco de "exacerbar as tensões sociais" sem criar condições para que os juros espanhóis desçam. No editorial pode ler-se mesmo que "vai demorar algum tempo para que a tourada" de Mariano Rajoy "termine".
Perante os membros do seu partido, o Partido Popular, Mariano Rajoy reconhece que o Orçamento do Estado, apresentado na última sexta-feira, é exigente.
Assim, o primeiro-ministro espanhol, citado pela Bloomberg, revelou que há partes do Orçamento do Estado que o próprio Executivo "não gosta".
Porém, sustenta que a alternativa seria "infinitamente pior". O chefe de Governo classificou ainda o documento como "difícil e doloroso".
E apesar de reconhecer a "tarefa gigante" que a Espanha tem pela frente e de não esperar muito apoio nas medidas de austeridade impostas pelo Orçamento do Estado, Rajoy pediu aos espanhóis "compreensão", segundo a agência de informação norte-americana. E atribuiu a necessidade destas medidas, de acordo com o diário "El Pais", ao ex-primeiro-ministro, José Luis Rodríguez Zapatero. "Isto é o que tem de ser feito para corrigir os erros do passado", afirmou.
Num discurso em que lançou duras farpas ao anterior Governo, sublinhando que "a situação hoje é muito difícil porque aquilo que recebemos" também era, Mariano Rajoy aproveitou ainda a ocasião para salientar as diferenças entre este Governo e o anterior dizendo que em 100 dias de mandato foi feito mais do que em sete anos de Governo.
Ainda assim, Rajoy tentou também transmitir uma mensagem de realismo aos seus cidadãos dizendo que "hoje não estava em condições de dar boas notícias aos espanhóis". "Este ano não vai ser bom, mas estamos a cimentar a recuperação económica de Espanha", afirmou de acordo com "El Mundo".
O Orçamento do Estado, apresentado na última sexta-feira, prevê um corte nos gastos dos Ministérios de 16,9%, o congelamento dos salários dos funcionários públicos e um aumento do IRC. Todavia, um aumento do IVA e uma alteração no valor dos subsídios de desemprego ficou de fora das medidas de austeridade presentes no documento.
Num discurso em que enfatizou que há medidas, presentes no documento, que nem o próprio Executivo "gosta", mas que classifica como necessárias para "estabelecer as bases da recuperação económica", Rajoy anunciou também um travão nas Obras Públicas. "Agora não é hora de construir pavilhões, ou aeroportos, ou estradas, é hora de estabelecer as bases para a recuperação da economia espanhola" que e em breve vai começar "a crescer e criar empregos", referiu o primeiro-ministro espanhol, citado pelo "El Economista".
"Vai demorar algum tempo para que a tourada" de Mariano Rajoy "termine"
Utilizando um paralelismo com as tradicionais touradas em Espanha, o editorial do "Financial Times" (FT) desta segunda-feira aponta que Mariano Rajoy "enfrenta um animal perigoso".
Reconhecendo que sem o Orçamento que foi apresentado na semana passada, a Espanha iria "infringir os objectivos acordados com a União Europeia (UE)", no editorial está também presente a necessidade de "ser-se justo com o Senhor Rajoy": o primeiro-ministro espanhol "nunca devia ter sido colocado nesta posição" e "a UE devia ter permitido que a Espanha" não tivesse de cumprir a meta de 5,8% "como originalmente Rajoy tinha pedido".
Demasiada austeridade, afiança ainda o editorial, "pode reduzir o crescimento e aumentar o risco de Madrid falhar os objectivos de qualquer forma". Por outro lado, o "FT" assume que vai ser difícil conseguir corta quase 17% dos gastos ministeriais e chega mesmo a classificar os cortes previstos como "desconcertantes".
Em jeito de conclusão, pode ler-se que este Orçamento contém o risco de "exacerbar as tensões sociais" sem criar as "condições que permitam que as yields das obrigações de Espanha desçam". E aponta mesmo o dedo quer a Rajoy quer à própria UE. "Enquanto a UE é culpada por impor uma austeridade desnecessária, o Orçamento do senhor Rajoy podia estar melhor desenhado", aponta o FT. "Vai demorar algum tempo para que a tourada" de Mariano Rajoy "termine", conclui.
(notícia actualizada às 13h44)
Assim, o primeiro-ministro espanhol, citado pela Bloomberg, revelou que há partes do Orçamento do Estado que o próprio Executivo "não gosta".
E apesar de reconhecer a "tarefa gigante" que a Espanha tem pela frente e de não esperar muito apoio nas medidas de austeridade impostas pelo Orçamento do Estado, Rajoy pediu aos espanhóis "compreensão", segundo a agência de informação norte-americana. E atribuiu a necessidade destas medidas, de acordo com o diário "El Pais", ao ex-primeiro-ministro, José Luis Rodríguez Zapatero. "Isto é o que tem de ser feito para corrigir os erros do passado", afirmou.
Num discurso em que lançou duras farpas ao anterior Governo, sublinhando que "a situação hoje é muito difícil porque aquilo que recebemos" também era, Mariano Rajoy aproveitou ainda a ocasião para salientar as diferenças entre este Governo e o anterior dizendo que em 100 dias de mandato foi feito mais do que em sete anos de Governo.
Ainda assim, Rajoy tentou também transmitir uma mensagem de realismo aos seus cidadãos dizendo que "hoje não estava em condições de dar boas notícias aos espanhóis". "Este ano não vai ser bom, mas estamos a cimentar a recuperação económica de Espanha", afirmou de acordo com "El Mundo".
O Orçamento do Estado, apresentado na última sexta-feira, prevê um corte nos gastos dos Ministérios de 16,9%, o congelamento dos salários dos funcionários públicos e um aumento do IRC. Todavia, um aumento do IVA e uma alteração no valor dos subsídios de desemprego ficou de fora das medidas de austeridade presentes no documento.
Num discurso em que enfatizou que há medidas, presentes no documento, que nem o próprio Executivo "gosta", mas que classifica como necessárias para "estabelecer as bases da recuperação económica", Rajoy anunciou também um travão nas Obras Públicas. "Agora não é hora de construir pavilhões, ou aeroportos, ou estradas, é hora de estabelecer as bases para a recuperação da economia espanhola" que e em breve vai começar "a crescer e criar empregos", referiu o primeiro-ministro espanhol, citado pelo "El Economista".
"Vai demorar algum tempo para que a tourada" de Mariano Rajoy "termine"
Utilizando um paralelismo com as tradicionais touradas em Espanha, o editorial do "Financial Times" (FT) desta segunda-feira aponta que Mariano Rajoy "enfrenta um animal perigoso".
Reconhecendo que sem o Orçamento que foi apresentado na semana passada, a Espanha iria "infringir os objectivos acordados com a União Europeia (UE)", no editorial está também presente a necessidade de "ser-se justo com o Senhor Rajoy": o primeiro-ministro espanhol "nunca devia ter sido colocado nesta posição" e "a UE devia ter permitido que a Espanha" não tivesse de cumprir a meta de 5,8% "como originalmente Rajoy tinha pedido".
Demasiada austeridade, afiança ainda o editorial, "pode reduzir o crescimento e aumentar o risco de Madrid falhar os objectivos de qualquer forma". Por outro lado, o "FT" assume que vai ser difícil conseguir corta quase 17% dos gastos ministeriais e chega mesmo a classificar os cortes previstos como "desconcertantes".
Em jeito de conclusão, pode ler-se que este Orçamento contém o risco de "exacerbar as tensões sociais" sem criar as "condições que permitam que as yields das obrigações de Espanha desçam". E aponta mesmo o dedo quer a Rajoy quer à própria UE. "Enquanto a UE é culpada por impor uma austeridade desnecessária, o Orçamento do senhor Rajoy podia estar melhor desenhado", aponta o FT. "Vai demorar algum tempo para que a tourada" de Mariano Rajoy "termine", conclui.
(notícia actualizada às 13h44)