Notícia
"Que idade terão vocês em 2050?"
O mais recente relatório da UNICEF revela que existem hoje mais de setenta milhões em idade de frequentarem o ensino secundário que estão em risco de pobreza e sem acesso à educação.
03 de Março de 2011 às 12:02
Nove em cada dez adolescentes vivem nos países em desenvolvimento. O mais recente relatório da UNICEF revela que existem hoje mais de setenta milhões em idade de frequentarem o ensino secundário que estão em risco de pobreza e sem acesso à educação. O desemprego atingiu, em 2009, 81 milhões de jovens e catorze milhões sofrem de algum distúrbio mental ou comportamental, com metade dos casos a manifestar-se antes dos catorze anos. Anualmente registam-se mais de setenta mil suicídios entre os adolescentes
Mais de setenta milhões de adolescentes em idade de frequentarem o ensino secundário estão em risco de pobreza e não têm acesso à educação. O desemprego atingiu, em 2009, 81 milhões de jovens sendo que, no ano anterior, quase 25 por cento de todos os trabalhadores pobres do mundo eram, precisamente, jovens. Consequentemente ou não, dos setenta milhões que vivem em situação de vulnerabilidade, catorze milhões sofrem de algum distúrbio mental ou comportamental, com metade dos casos a manifestar-se antes dos catorze anos. A depressão é o diagnóstico mais recorrente mas, numa fase de crescimento que é “um ponto de viragem de importância decisiva”, já que “é no decurso da segunda década da vida que as iniquidades e a pobreza se manifestam com maior evidência”, também se registam anualmente mais de setenta mil suicídios entre os adolescentes.
Estes são os mais recentes dados da Organização das Nações Unidas para a Infância, que prevê um agravamento dos distúrbios e das situações de risco, a par do crescimento do desemprego entre esta camada da população, na próxima década. Reflectindo a preocupação da UNICEF face a esta conjuntura, o relatório “A Situação da Infância Mundial” apela ao reforço do investimento na adolescência, para combater a pobreza: “investir agora nos 1.2 mil milhões de adolescentes com idades compreendidas entre os dez e os dezanove anos pode quebrar ciclos arreigados de pobreza e iniquidade”, divulga o relatório.
Vulnerabilidade no feminino
Intitulado ‘Adolescência: Uma Idade de Oportunidades’, o documento revela que, ao contrário dos “fortes investimentos” realizados ao longo das últimas duas décadas no bem-estar das crianças até aos dez anos – que se traduziram por “enormes ganhos”, como a descida de 33 por cento na taxa de mortalidade global de menores de cinco anos, o aumento da equidade, “na maior parte das regiões do mundo”, entre rapazes e raparigas, as quais têm hoje “quase as mesmas probabilidades” de frequentarem o ensino básico, e o acesso melhorado a água potável e a serviços de saúde básicos como a vacinação, para milhões de crianças –, verificaram-se menos avanços em áreas que afectam particularmente os adolescentes.
Para que se perceba bem a amplitude desta afirmação, basta debruçarmo-nos sobre um só exemplo: no Brasil a vida de 26 mil crianças menores de um ano foi salva entre 1998 e 2008, contribuindo para um decréscimo acentuado da mortalidade infantil. Mas, na mesma década, foram assassinados 81 mil adolescentes brasileiros com idades compreendidas entre os quinze e os dezanove anos.
Os jovens esperam “mais acção de todos nós”, como apela Anthony Lake, director executivo da UNICEF, para quem é preciso “dedicar mais atenção ao propósito de alcançar os adolescentes – em especial as raparigas adolescentes –, investindo na educação, na saúde e noutras medidas que os envolvam no processo de melhoria das suas condições de vida.”
Note-se que, globalmente, as raparigas continuam a ficar atrás dos rapazes ao nível, por exemplo, do acesso à educação no ensino secundário. E sem educação, os adolescentes “não podem desenvolver os conhecimentos e aptidões de que necessitam para enfrentar os riscos de exploração, abusos e violência que se manifestam com maior evidência na segunda década de vida”, alerta ainda Lake.
Os jovens que vivem na pobreza ou marginalizados têm menos probabilidades de fazer a transição para o ensino secundário durante a adolescência, e mais probabilidades de serem alvo de exploração, abusos e violência, constata a UNICEF. Servidão doméstica e casamento na infância são facturas pagas principalmente pelas raparigas, senão veja-se: nos países em desenvolvimento (excluindo a China), as raparigas adolescentes mais pobres têm aproximadamente três vezes mais probabilidades de se casarem antes dos dezoito anos de idade que as raparigas nascidas nos vinte por cento das famílias mais ricas. As raparigas que casam mais cedo correm, consequentemente, maiores riscos de sofrer uma gravidez prematura, elevadas taxas de mortalidade materna e subnutrição infantil. E, pior ainda, as raparigas enfrentam taxas mais elevadas de violência doméstica e/ou sexual que os rapazes, e são mais susceptíveis ao risco da infecção por VIH, aponta a agência das Nações Unidas no relatório de 2011
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Mais de setenta milhões de adolescentes em idade de frequentarem o ensino secundário estão em risco de pobreza e não têm acesso à educação. O desemprego atingiu, em 2009, 81 milhões de jovens sendo que, no ano anterior, quase 25 por cento de todos os trabalhadores pobres do mundo eram, precisamente, jovens. Consequentemente ou não, dos setenta milhões que vivem em situação de vulnerabilidade, catorze milhões sofrem de algum distúrbio mental ou comportamental, com metade dos casos a manifestar-se antes dos catorze anos. A depressão é o diagnóstico mais recorrente mas, numa fase de crescimento que é “um ponto de viragem de importância decisiva”, já que “é no decurso da segunda década da vida que as iniquidades e a pobreza se manifestam com maior evidência”, também se registam anualmente mais de setenta mil suicídios entre os adolescentes.
Vulnerabilidade no feminino
Intitulado ‘Adolescência: Uma Idade de Oportunidades’, o documento revela que, ao contrário dos “fortes investimentos” realizados ao longo das últimas duas décadas no bem-estar das crianças até aos dez anos – que se traduziram por “enormes ganhos”, como a descida de 33 por cento na taxa de mortalidade global de menores de cinco anos, o aumento da equidade, “na maior parte das regiões do mundo”, entre rapazes e raparigas, as quais têm hoje “quase as mesmas probabilidades” de frequentarem o ensino básico, e o acesso melhorado a água potável e a serviços de saúde básicos como a vacinação, para milhões de crianças –, verificaram-se menos avanços em áreas que afectam particularmente os adolescentes.
Para que se perceba bem a amplitude desta afirmação, basta debruçarmo-nos sobre um só exemplo: no Brasil a vida de 26 mil crianças menores de um ano foi salva entre 1998 e 2008, contribuindo para um decréscimo acentuado da mortalidade infantil. Mas, na mesma década, foram assassinados 81 mil adolescentes brasileiros com idades compreendidas entre os quinze e os dezanove anos.
Os jovens esperam “mais acção de todos nós”, como apela Anthony Lake, director executivo da UNICEF, para quem é preciso “dedicar mais atenção ao propósito de alcançar os adolescentes – em especial as raparigas adolescentes –, investindo na educação, na saúde e noutras medidas que os envolvam no processo de melhoria das suas condições de vida.”
Note-se que, globalmente, as raparigas continuam a ficar atrás dos rapazes ao nível, por exemplo, do acesso à educação no ensino secundário. E sem educação, os adolescentes “não podem desenvolver os conhecimentos e aptidões de que necessitam para enfrentar os riscos de exploração, abusos e violência que se manifestam com maior evidência na segunda década de vida”, alerta ainda Lake.
Os jovens que vivem na pobreza ou marginalizados têm menos probabilidades de fazer a transição para o ensino secundário durante a adolescência, e mais probabilidades de serem alvo de exploração, abusos e violência, constata a UNICEF. Servidão doméstica e casamento na infância são facturas pagas principalmente pelas raparigas, senão veja-se: nos países em desenvolvimento (excluindo a China), as raparigas adolescentes mais pobres têm aproximadamente três vezes mais probabilidades de se casarem antes dos dezoito anos de idade que as raparigas nascidas nos vinte por cento das famílias mais ricas. As raparigas que casam mais cedo correm, consequentemente, maiores riscos de sofrer uma gravidez prematura, elevadas taxas de mortalidade materna e subnutrição infantil. E, pior ainda, as raparigas enfrentam taxas mais elevadas de violência doméstica e/ou sexual que os rapazes, e são mais susceptíveis ao risco da infecção por VIH, aponta a agência das Nações Unidas no relatório de 2011
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