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Quantos bilionários seriam necessários para salvar o planeta?

O índice Robin Hood Index, da Bloomberg, decidiu calcular quanto das maiores fortunas mundiais seria necessário para pagar todos os créditos de carbono exigidos para compensar todas as emissões domésticas de gases causadores do efeito de estufa.

1.º  Bill Gates, accionista da Microsoft. Fortuna avaliada em 86 mil milhões de dólares. Estados Unidos
reuters, bloomberg
30 de Julho de 2017 às 11:00
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Se algumas das pessoas mais ricas do mundo decidissem abrir mão das sua riqueza, será que provocariam um impacto real nas mudanças climáticas?


O Robin Hood Index, da Bloomberg, calculou a fatia das fortunas de cada um dos maiores multimilionários que seria necessária para comprar todos os créditos de carbono exigidos para compensar todas as emissões domésticas de gases causadores do efeito de estufa nos seus países, ao longo de um ano.


Como exercício intelectual, é possível imaginar o que as pessoas mais ricas de 44 países, com uma fortuna estimada em 786 mil milhões de dólares, ou 1% do produto interno bruto (PIB) mundial, podem fazer com o seu dinheiro e o que o governo e as agências não conseguem.


A resposta? Bastante. Apenas na China e no Brasil as maiores fortunas são demasiado pequenas para "limpar o ar" por um ano. Os 29 mil milhões de dólares do investidor Jorge Paulo Lemann quase pagariam a conta da limpeza no Brasil, enquanto Jack Ma, do Alibaba Group, teria de duplicar os seus 37 mil milhões de dólares para compensar os danos causados pelo maior poluidor do mundo.


Os países de rápido desenvolvimento também estão entre os que mais prejudicam o clima. Mas o que descobrimos na nossa análise é que, na Rússia e na Índia, o magnata do gás, Leonid Mikhelson, e o empresário do sector do petróleo, Mukesh Ambani, continuariam a deter muito dinheiro mesmo depois de compensarem as emissões nos respectivos países.


Os impostos sobre o carbono não eliminam os poluentes. Com o comércio de carbono, os governos nacionais estabelecem um limite para as emissões e podem conceder direitos para poluir ou leiloar algumas licenças, dentro do limite. As empresas podem então comprar esses créditos, que permitem que elas poluam, ou vendê-los, obtendo lucro se elas forem limpas. As emissões caem quando os governos reduzem periodicamente os limites.


A União Europeia tem debatido uma proposta para renovar o seu sistema de limite e comércio, criado há 12 anos, até agora incapaz de agravar as penalizações por poluição. Mesmo que os mais ricos da UE se reunissem pelo bem maior, a região formada por 28 países ainda precisaria de encontrar formas para obter acordos para melhorar a sua eficiência energética, afastando-se dos combustíveis fósseis e voltando-se para as energias renováveis.


Um novo obstáculo é o presidente Donald Trump, que retirou os EUA do acordo de Paris sobre as alterações climáticas, que oferece directrizes para os níveis de poluição. Por outro lado, a sua fortuna de 2,9 mil milhões de dólares, segundo o Bloomberg Billionaires Index, seria teoricamente suficiente para apenas 8% dos créditos exigidos pelo país.


Felizmente para esta fantasia de Robin Hood, os 85 mil milhões de dólares do fundador da Microsoft, Bill Gates, pagariam mais de dois anos de compensações de créditos de carbono (considerando taxas fixas para emissões e preços de crédito) --, restando dinheiro suficiente para pagar as contas dos vizinhos Canadá e México.


A Suécia, que tem uma economia altamente eficiente em termos energéticos e que emite um dos níveis mais baixos de poluição para movimentar a economia, seria um dos trabalhos de limpeza mais fáceis para Robin Hood e o seu bando de ladrões.


O sucesso da rede de móveis sueca Ikea Group forneceu ao fundador Ingvar Kamprad dinheiro suficiente para manter o ar de seu país "limpo" ao longo de cerca de 150 anos. E não é necessária nenhuma montagem.

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