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Proença de Carvalho: "Não podemos contar com o PS para as reformas"
O advogado Daniel Proença de Carvalho diz-se pouco otimista sobre a possibilidade de um governo socialista implementar as mudanças que o país precisa. E denuncia "um ambiente que é hostil à iniciativa privada".
Daniel Proença de Carvalho foi conduzido neste diálogo pelos cronistas da "Mão Visível" Jorge Marrão e Paulo Carmona não evitando temas e deixando críticas à Justiça e à comunicação social.
Para Proença de Carvalho, "durante estes anos a seguir à democratização iniciada em 74 fizemos enormes progressos nas áreas sociais, mas temos dois temas que não conseguimos resolver e um deles é o crescimento económico". "Conseguimos fazer as conquistas sociais através das ajudas europeias e com o endividamento que nos levou a uma dívida pública elevada", descreve. Por isso, não hesita em afirmar que, para "este tema [do crescimento], não vejo que tenha solução".
O também ex-ministro da Comunicação Social frisa que "temos agora períodos de maior crescimento internacional, as empresas portuguesas conseguiram aumentar as exportações, mas faz-se tudo com enorme esforço e sem possibilidade de nos tornarmos autónomos".
E o que está na base deste problema? O advogado não tem dúvidas de que "há um ambiente cultural que não ajuda, é um ambiente que é hostil à iniciatival privada". "A palavra patrões em Portugal tem uma conotação negativa", descreve, apontando o dedo a todos, incluindo à comunicação social. "O sucesso em Portugal é penalizador. Vemos um clima, até na comunicação social, em que quem tem sucesso é um alvo a abater. E isso desmotiva o sentido do risco."
O que são as Conversas Visíveis?
As Conversas Visíveis são um projeto que é complementar da Mão Visível, o espaço de opinião que junta Álvaro Nascimento, António Nogueira Leite, Joaquim Aguiar, Jorge Marrão e Paulo Carmona. A cada quinze dias, dois destes colunistas vão conduzir um entrevistado pelos "mistérios da estrada da democracia em Portugal".
As Conversas Visíveis procuram identificar o que está na sombra da política, o que se esconde nos discursos e nas decisões, mas que acabará sempre por se revelar na realidade efetiva das coisas. O compromisso assumido pela equipa da Mão Visível é o de que irá falar sobre as sombras e os mistérios da democracia portuguesa, onde se escondem os fatores que geram endividamento sem estimularem crescimento, onde se agravam as desigualdades sociais e onde persiste o crescimento da despesa pública e da expansão de funções do Estado.