Portugal terá conseguido a maior produção de azeite de sempre na campanha do ano passado, um resultado que o Instituto Nacional de Estatística (INE) atribui às "excelentes" condições da campanha e à "profunda reestruturação" da fileira, com importância crescente dos olivais intensivos.

Contudo, no destaque publicado esta quinta-feira, dia 17 de fevereiro, o INE também dá conta da "incerteza" e "preocupação" gerada pela seca e pela subida dos custos de produção.

"Observam-se já os efeitos negativos da seca meteorológica severa e extrema que, no final de janeiro, afetava 45% do território continental", diz o INE.

"Um dos setores mais penalizados tem sido a produção agropecuária, em particular a extensiva, devido às fracas condições de pastoreio, que obrigam a uma suplementação extraordinária desses efetivos".

Na cerealicutura também se registam impactos, "quer na diminuição das áreas semeadas" – "previsivelmente, a menor dos últimos cem anos" -, quer "no fraco desenvolvimento vegetativo" das searas de sequeiro.

O cenário de seca, aliado à subida dos preços dos meios de produção "tem gerado incerteza e preocupação no setor", resume o instituto.

A seca abrange todo o território nacional, ocupando quase metade de forma severa e extrema, nos distritos de Lisboa, Setúbal, Beja e Faro, mas também em extensas zonas dos distritos de Bragança, Castelo Branco, Leiria, Santarém, Évora e Portalegre.

"Nas regiões mais afetadas pela seca severa ou extrema (Sul e interior Norte e Centro), as condições de pastoreio agravaram-se, sendo muito deficitárias nas pastagens de sequeiro", explica o INE.

Por outro lado, entre setembro e dezembro o preço dos alimentos para animais aumentou 17%.

A área de cereais de inverno atinge mínimos históricos, e a seca está a impedir o normal desenvolvimento das searas. As que foram semeadas tardiamente não germinaram.