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Presidente do Banco Africano de Desenvolvimento aplaude Meloni por "Plano Mattei"

No início do ano, a primeira-ministra italiana anunciou que reuniu 5,5 mil milhões de euros para uma nova estratégia de cooperação com África que ajude a controlar os fluxos migratórios para Itália e para a Europa.

A taxa que incide sobre as empresas energéticas italianas foi aumentado pelo Governo de Giorgia Meloni.
Filippo Attili / Lusa-EPA
15 de Junho de 2024 às 19:45
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O presidente do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), Akimwumi Adesina, elogia a primeira-ministra de Itália pelo "Plano Mattei", desenhado para fomentar o desenvolvimento em África e ajudar a controlar os fluxos migratórios.

"Aplaudo a primeira-ministra Meloni por ter lançado o 'Plano Mattei' e por ter escolhido o BAD como seu parceiro estratégico para o implementar em África", afirmou Adesina, numa declaração a partir de Puglia, no sul de Itália, à margem da cimeira do G7 (Grupo dos Sete, que reúne as sete maiores economias do mundo - Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido -- e conta também com uma representação da União Europeia), que decorreu nos últimos dias nesta região italiana.

O italiano "Plano Mattei" foi incluído na declaração final da cimeira do G7.

"A parceria do G7 para Infraestruturas e Investimentos Globais, incluindo iniciativas como o Portal Global da União Europeia (UE), fornece um quadro que utilizaremos para promover a nossa visão de infraestruturas sustentáveis, resilientes e economicamente viáveis em África, apoiadas por uma seleção transparente de projetos, aquisições e financiamento", referiu a declaração final do G7.

"Neste sentido, saudamos o 'Plano Mattei' para África lançado pela Itália", acrescentou a declaração.

No início do ano, a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, anunciou que reuniu 5,5 mil milhões de euros para lançar uma nova estratégia de cooperação com África que ajude a controlar os fluxos migratórios para Itália e para a Europa.

O "Plano Mattei" é o nome da estratégia em homenagem a Enrico Mattei, fundador da Eni (o gigante estatal italiano da energia), que nos anos 50 defendeu uma relação de cooperação com os países africanos, que passava por ajudá-los a desenvolver os seus recursos naturais.

Segundo Akimwumi Adesina, a parceria entre Itália e o BAD vai ter "impacto no desenvolvimento de todos os países africanos, expandirá o acesso à energia, combaterá as alterações climáticas, apoiará a segurança alimentar e impulsionará os serviços de saúde e o emprego dos jovens".

Por seu lado, a primeira-ministra italiana indicou que aquela "colaboração apoiará o desenvolvimento de iniciativas dos setores público e privado em África, gerando oportunidades adicionais para as empresas italianas".

De acordo com o BAD, referiu a agência espanhola EFE, a Itália comprometeu-se a disponibilizar um montante inicial de 130 milhões de dólares aos países africanos em "empréstimos e subvenções em condições muito favoráveis", comprometendo-se ainda a "financiar projetos conjuntos" com o BAD em áreas como a energia, a água, a agricultura, a saúde, a educação e a construção de infraestruturas.

Na apresentação do "Plano Mattei", a 29 de janeiro em Roma, durante a cimeira Itália-África, Meloni defendeu: "Nunca conseguiremos pôr termo à imigração ilegal em massa ou derrotar os traficantes de seres humanos sem combater as causas que levam as pessoas a abandonar as suas casas".

O programa inclui projetos no valor de mais de 5,5 mil milhões de euros em empréstimos e garantias, sendo que cerca de 3 mil milhões serão provenientes do Fundo Italiano para o Clima e 2,5 mil milhões do Fundo de Cooperação para o Desenvolvimento.

Segundo a EFE, o Governo italiano quer estreitar os laços com África para travar o fluxo de migrantes que chegam às suas costas no Mediterrâneo central a partir da costa da Líbia ou da Tunísia (mais de 157.000 migrantes só em 2023).

Outro dos objetivos está relacionado com a energia, uma vez que a Itália está ligada ao continente africano por dois gasodutos submarinos, o que lhe permitiu substituir a Rússia pela Argélia como principal vendedor de gás após a guerra na Ucrânia.

No entanto, várias organizações humanitárias internacionais têm criticado o plano, alegando que o que faz é manter pessoas que querem ir viver para a Europa em países onde os direitos humanos têm regredido.

As críticas aprofundaram-se após um acordo assinado com a Albânia, que prevê o acolhimento de até 3.000 migrantes e refugiados resgatados por navios italianos por mês.

O Governo italiano, constituído por uma coligação de direita e extrema-direita, foi eleito com a promessa de cortar o fluxo de desembarques em Itália de migrantes provenientes do norte de África.
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