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Portugueses dizem que poupar é uma impossibilidade devido aos salários

Os portugueses sabem que poupar é uma necessidade, mas para muitos é uma impossibilidade perante os salários que auferem e as despesas a que têm de fazer face.

31 de Outubro de 2007 às 10:56
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Os portugueses sabem que poupar é uma necessidade, mas para muitos é uma impossibilidade perante os salários que auferem e as despesas a que têm de fazer face.

Em vésperas do Dia Mundial da Poupança, o "pé de meia" é um conceito cada vez mais caro para a maioria dos portugueses que todos os meses fazem a habitual ginástica para fazer frente às despesas correntes e ainda tentam deixar algum dinheiro de parte para eventuais surpresas.

"É muito difícil poupar porque a vida está um bocado difícil e aquilo que se ganha gasta-se. Vai dando para não passar fome", diz rapidamente José Costa, de 51 anos. Também Guida Ascensão, de 38 anos, encara a poupança como uma necessidade cada vez mais difícil de concretizar na sua gestão orçamental.

"É muito complicado, é muito difícil porque as coisas não estão baratas, porque os ordenados não estão elevados e então as coisas são um bocadinho complicadas", explica, apesar de concordar que é uma preocupação que tem para conseguir gerir despesas maiores e que estão muitas vezes fora das despesas fixas mensais.

Franklin Vaz, de 61 anos, por outro lado, refere que agora que está reformado tem de abdicar de alguns gastos porque no fim das contas o dinheiro já não chega para tudo. "A partir da altura em que me reformei tive de cortar em alguns consumos porque o valor da pensão também é menor que o valor do vencimento que se tem no activo e como tal tem que se ter algum cuidado", sublinha.

Apesar de muitos, senão todos, terem consciência de que poupar é uma necessidade e que evitar grandes despesas é uma obrigação, torna-se cada vez mais difícil continuar a apertar o cinto e o fraco índice de poupança dos portugueses tem, como é óbvio, repercussões no nível de endividamento e de investimento do país.

A situação não é de agora e é resultado, entre outros factores, do quebra das taxas de juro depois da adesão ao euro e da liberalização do sector bancário.

Como resultado, tornou-se mais barato consumir no momento do que poupar para o futuro, mas mesmo assim, para o economista Miguel Beleza, a expectativa "é de uma estabilização aproximada tanto da taxa de poupança como do nível de endividamento".

Apesar dessa estabilização, Miguel Beleza entende que o país precisa de mais poupança "porque é a maneira mais saudável a médio prazo de financiar investimento, e Portugal precisa de investimento", mas admite, ao mesmo tempo, que "há muito pouco que seja possível fazer".

"As taxas de juro não dependem de nós, de todo, e são uma arma de dois gumes. Se por um lado as taxas sobem e isso faz aumentar a poupança, por outro faz aumentar os encargos da dívida", na medida em que "é preciso ponderar as duas, mas não vale a pena ponderar muito porque tudo depende do Banco Central Europeu".

Na opinião de Miguel Beleza, justifica-se, da parte do Governo, "alguma protecção à poupança no que toca a impostos sobre o rendimento".

"Não sou favorável à esmagadora maioria dos benefícios fiscais, excepto no caso da protecção à poupança como no caso dos PPR (Plano Poupança Reforma), mas penso que seria possível desenhar instrumentos muito mais atraentes", isto é, um sistema que penalize "mais a utilização de recursos, sob qualquer forma e premeie mais a poupança", uma vez que "quem gasta está a utilizar recursos enquanto que quem poupa está a oferecer recursos à sociedade".

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