Notícia
Perdão da dívida grega entrou na recta final
Grandes bancos aderiram à operação de troca de títulos. BPI também. Mas nada ainda está garantido. De fora estarão alguns "hedge funds" que arriscam perder tudo. Futuro imediato da Grécia joga-se amanhã.
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A operação de reestruturação da dívida grega termina amanhã, subsistindo dúvidas sobre o grau de adesão “voluntária” dos bancos aos termos da oferta de troca de obrigações, mediante a qual se espera obter o perdão de pelo menos metade da dívida da Grécia detida por privados: 107 mil milhões em cerca de 200 mil milhões de euros.
Se o número de bancos aderentes representar menos de 66% do total da dívida grega em mãos privadas, a operação será um fiasco e o risco de um incumprimento desordenado regressará à ordem do dia. Mas para que a operação seja minimamente bem sucedida, viabilizando o abatimento previsto no “stock” da dívida, é preciso ir além deste limite. O Governo grego colocou a fasquia mínima em 75%. Do resultado do perdão da dívida pelos privados está dependente o desembolso integral do segundo plano de ajuda "oficial", do FMI e da UE, de 130 mil milhões de euros.
Grandes bancos europeus, como o francês Societe Generale e o italiano UniCredit , confirmaram hoje que aderiram à operação de “swap”, através da qual receberão novos títulos de dívida grega com valor facial 53,5% inferior, taxas de retorno mais baixas e prazos de maturidade mais longos, o que, nos cálculos da banca, deverá representar uma perda da ordem de 74% das suas posições líquidas. Juntam-se aos 12 bancos, entre os quais o BNP Paribas e o Commerzbank que, em conjunto, detêm 20% da dívida grega, que já ontem haviam anunciado a sua participação no processo. Entre os portugueses, também o BPI informou que entraria na troca de dívida.
Os novos títulos gregos terão o “selo de garantia” europeu, com 30 mil milhões de euros deste segundo programa de assistência à Grécia destinado a confortar os investidores de que não perderão dinheiro nestes títulos, mesmo no cenário de Atenas necessitar de um terceiro pacote de ajuda no futuro.
"Segundo as informações que recolhemos, a reestruturação da dívida deverá desenvolver-se sem problemas, uma vez que a operação é financeiramente atractiva para o sector privado", disse hoje Olli Rehn, comissário dos Assuntos Económicos, ao “Le Figaro”.
Estando dependente ainda do "sim" de várias entidades, a Grécia ameaçou ontem com um incumprimento da sua dívida aos privados que não participarem na troca de títulos.
O Governo avisou estar preparado para utilizar as cláusulas de acção colectiva em títulos que cobrem 86% da sua dívida e que podem envolver os credores no "swap", mesmo contra a sua vontade. A estes títulos, cobertos pela legislação grega, ser-lhes-iam impostas as condições da troca "voluntária" que foram previamente acordadas com os representantes da banca.
Os restantes 14%, adiantava ontem o “Financial Times”, não são abrangidos pelo direito grego, pelo que não lhes são aplicáveis as cláusulas de acção colectiva. A ameaça de incumprimento total da dívida é endereçada precisamente a estes credores, que serão os únicos a poder rejeitar o acordo, mesmo que uma maioria de 66% o aceite. Estes investidores serão, na sua maioria,“hedge funds”, que comparam dívida grega ao abrigo do direito internacional, a desconto no mercado secundário, em busca de generosas mais-valias.
No entanto, este aviso tem implicações mais amplas. Se a Grécia incumprir a totalidade desta parte da sua dívida, tornará muito provável a activação dos CDS (“credit Default swaps”), espécie de seguro contra o incumprimento, muito vendido por bancos norte-americanos.
Se o número de bancos aderentes representar menos de 66% do total da dívida grega em mãos privadas, a operação será um fiasco e o risco de um incumprimento desordenado regressará à ordem do dia. Mas para que a operação seja minimamente bem sucedida, viabilizando o abatimento previsto no “stock” da dívida, é preciso ir além deste limite. O Governo grego colocou a fasquia mínima em 75%. Do resultado do perdão da dívida pelos privados está dependente o desembolso integral do segundo plano de ajuda "oficial", do FMI e da UE, de 130 mil milhões de euros.
Grandes bancos europeus, como o francês Societe Generale e o italiano UniCredit , confirmaram hoje que aderiram à operação de “swap”, através da qual receberão novos títulos de dívida grega com valor facial 53,5% inferior, taxas de retorno mais baixas e prazos de maturidade mais longos, o que, nos cálculos da banca, deverá representar uma perda da ordem de 74% das suas posições líquidas. Juntam-se aos 12 bancos, entre os quais o BNP Paribas e o Commerzbank que, em conjunto, detêm 20% da dívida grega, que já ontem haviam anunciado a sua participação no processo. Entre os portugueses, também o BPI informou que entraria na troca de dívida.
Os novos títulos gregos terão o “selo de garantia” europeu, com 30 mil milhões de euros deste segundo programa de assistência à Grécia destinado a confortar os investidores de que não perderão dinheiro nestes títulos, mesmo no cenário de Atenas necessitar de um terceiro pacote de ajuda no futuro.
Estando dependente ainda do "sim" de várias entidades, a Grécia ameaçou ontem com um incumprimento da sua dívida aos privados que não participarem na troca de títulos.
O Governo avisou estar preparado para utilizar as cláusulas de acção colectiva em títulos que cobrem 86% da sua dívida e que podem envolver os credores no "swap", mesmo contra a sua vontade. A estes títulos, cobertos pela legislação grega, ser-lhes-iam impostas as condições da troca "voluntária" que foram previamente acordadas com os representantes da banca.
Os restantes 14%, adiantava ontem o “Financial Times”, não são abrangidos pelo direito grego, pelo que não lhes são aplicáveis as cláusulas de acção colectiva. A ameaça de incumprimento total da dívida é endereçada precisamente a estes credores, que serão os únicos a poder rejeitar o acordo, mesmo que uma maioria de 66% o aceite. Estes investidores serão, na sua maioria,“hedge funds”, que comparam dívida grega ao abrigo do direito internacional, a desconto no mercado secundário, em busca de generosas mais-valias.
No entanto, este aviso tem implicações mais amplas. Se a Grécia incumprir a totalidade desta parte da sua dívida, tornará muito provável a activação dos CDS (“credit Default swaps”), espécie de seguro contra o incumprimento, muito vendido por bancos norte-americanos.