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Perda real no salário médio atinge os 5,2% no quarto trimestre

Na função pública a perda atinge os 7,2%, segundo o INE. Mas não há ganhos reais na média salarial em qualquer atividade.

O travão ao “outsourcing” faz parte da Agenda do Trabalho Digno, cuja votação final global decorre amanhã no Parlamento.
Duarte Roriz
09 de Fevereiro de 2023 às 11:28
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As perdas reais no salário médio nacional atingiram no último trimestre do ano 5,2%, avança nesta quinta-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE).

 

A remuneração bruta mensal média total por trabalhador atingiu nesse período o valor de 1.575 euros, resultado de um crescimento de 4,2% em termos nominais face ao mesmo período do ano anterior, com a evolução da inflação a determinar a perda de valor calculada.

 

Os dados têm por base as remunerações declaradas à Segurança Social e Caixa Geral de Aposentações de 4,5 milhões de trabalhadores no trimestre final de 2022. A remuneração bruta mensal média total inclui todas as componentes remuneratórias, incluindo subsídios de férias e de Natal.

Já a remuneração bruta mensal média regular, que exclui as componentes sazonais e reflete por isso o salário habitual dos trabalhadores, chegou ao final do ano nos 1.150 euros. O valor subiu 4,3%, em termos nominais, mas esta evolução traduz-se numa perda real de 5,1%.

O salário base médio, por outro lado, evoluiu para os 1.080 euros, mais 4,4% que um ano antes, também mais do que consumidos pela inflação. A perda calculada pelo INE é de 5%.

Função pública perde mais

Os dados do INE mostram que uma das piores evoluções ocorreu nos salários do sector público, onde a subida da remuneração bruta média mensal total face a um ano antes não foi além de 2% em termos nominais. O resultado é uma perda de 7,2% em termos reais no valor de 2.198 euros a que chegou o salário médio.

 

Considerando apenas componentes regulares da remuneração, a subida nominal média no sector público foi de 2,1% para 1.597 euros, resultando em perda real de 7,1%. No salário base, o ganho nominal foi de 2,2%, para 1.507 euros, com a inflação a determinar uma perda real de 7%.

Já no sector privado houve subidas mais expressivas no salário médio, mas ainda assim insuficientes para evitar perdas acentuadas de poder de compra. O salário médio bruto total perde 4,1% do valor após ter tido um ganho nominal de 5,4% que o colocou nos 1.452 euros.

 

No salário médio regular do sector privado o ganho nominal foi também de 5,4%, para 1.062 euros, numa perda real igualmente de 4,1%. Já o salário médio base na atividade privada subiu 5,5% para 995 euros, mais uma vez numa evolução incapaz de preservar o valor das remunerações, que levam assim uma perda de 4%.

Nenhum setor obtém ganhos

 

As evoluções são muito díspares nos diferentes sectores de atividade, ainda que nenhum tenha garantido ganhos reais nas médias salariais.

 

O salário médio total nas atividades do turismo subiu 8% em termos nominais, no crescimento mais elevado, também, para aquela que é a segunda média salarial mais baixa da economia: 1.051 euros, a contar com subsídios sazonais.

 

Mas nem esta evolução assegurou ganhos de poder de compra, com o resultado final a ser de uma perda real de 1,7% na remuneração, explica o INE.

 

As perdas vão dos 1,7% sentidos pelo turismo aos 8,8% na administração pública e fundos da Segurança Social, cujo salário médio total cresceu meros 0,2% (para 1.914 euros).

 

Já na agricultura e pesca houve a segunda pior evolução de todas, com o salário médio total a não subir mais do que 0,3% em termos nominais, para ficar em 933 euros brutos apenas. O valor, que inclui subsídios de férias e de natal, é o mais baixo da economia e deverá representar uma perda próxima também dos 9%, embora os dados do INE não o detalhem.

 

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