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Pedro Nuno Santos: “TAP está com nível de cancelamentos que compara francamente bem”
O ministro das Infraestruturas disse que a companhia aérea nacional está com uma taxa de cancelamentos de voos de 2,8%, quando a média das transportadoras com quem concorre chega aos 4,5%.
O ministro das Infraestruturas e da Habitação sublinhou esta quarta-feira no Parlamento que a recuperação da aviação dos efeitos da pandemia "surpreendeu todos" e que "há problemas em todos aeroportos europeus e nos EUA com cancelamentos", mas salientou que " a TAP está com um nível de cancelamentos que compara francamente bem".
De acordo com Pedro Nuno Santos, "a TAP está bem abaixo da média das companhias aéreas com quem concorre", que é de 4,5% de voos cancelados, enquanto a companhia aérea nacional teve, desde 1 de junho, 2,8%. No caso da KLM, exemplificou, essa taxa é de 7,4%.
O responsável sublinhou que Portugal é o terceiro país da União Europeia "mais próximo de atingir os níveis de 2019" e frisou que "é óbvio que a TAP é a companhia com mais cancelamentos, porque o peso e presença da TAP no aeroporto Humberto Delgado não tem paralelo com mais nenhuma companhia".
"Temos problemas com a maior companhia que opera no Humberto Delgado, mas estamos muito longe da realidade que é vivida pelas companhias aéreas e aeroportos da Europa", disse.
Pedro Nuno Santos salientou ainda que a TAP não só teve de fazer ajustamentos devido à pandemia, tal como as outras companhias, mas está também "sujeita a um plano de reestruturação que impôs cortes no pessoal e nos salários, que não foi por vontade da administração da TAP ou do Governo".
"Não há uma solução mágica para resolver em Portugal o que Espanha, Alemanha ou EUA não conseguem resolver", apontou.
Três opções em cima da mesa
Além dos problemas conjunturais que admite existirem no aeroporto de Lisboa, Pedro Nuno Santos apontou ainda problemas estruturais da infraestrutura que, disse, na primeira semana de julho ficou a 98% dos movimentos de 2019. "Já está novamente com a capacidade saturada", disse.
Salientando que o aeroporto de Lisboa está acima da capacidade declarada e que isso "significa perdas de milhares de milhões de euros no turismo e de impostos", Pedro Nuno Santos lembrou que desde 1969 foram estudadas mais de 17 localizações para um novo aeroporto, mas "o país foi incapaz de decidir uma localização e iniciar a construção".
"A decisão que todos temos de tomar, que desejamos que seja a mais consensual possível – e a posição do maior partido da oposição é muito importante – é uma de três opções que temos de tomar", afirmou.
A primeira decisão, apontou, é se queremos expandir o aeroporto da Portela, "solução herdada do Governo PSD/CDS, de ampliar o Humberto Delgado e construir aeroporto complementar no Montijo". Uma solução que permitiria atingir os 72 movimentos por hora, mas que, ao alargar o Humberto Delgado, depende também da Câmara de Lisboa e de uma declaração de impacto ambiental.
A segunda hipótese, disse, é manter o Humberto Delgado e avançar com o Montijo, solução em que "estaríamos a abdicar do aumento da capacidade inicial". Ou seja, frisou, essa solução dual estaria "esgotada em cerca de 10, 15 ou 20 anos", o que "implicará que uma futura geração de decisores políticos tenha de voltar ao tema".
A terceira hipótese, apontou Pedro Nuno Santos, "é decidir encerrar o Humberto Delgado, o que implica a escolha de uma localização que assegure a procura atual e o aumento da procura que todos desejamos".