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#OneLove e o Mundial do Qatar: que braçadeira é esta, que causou tanta polémica?
Já existe desde 2020, mas foi com o mundial de futebol no Qatar que veio ganhar notoriedade global. Jogadores, ministros e primeiros-ministros querem usá-la, mas a FIFA proibe. Afinal, o que é que a braçadeira arco-íris tem?
A braçadeira arco-íris – em defesa dos direitos LGBTQ+ – tem estado nas bocas do mundo nas últimas semanas. Várias equipas europeias quiseram usá-la durante o Mundial de Futebol, como protesto contra a discriminação que esta comunidade sofre no Qatar, mas a FIFA deu cartão vermelho à ideia. Mas afinal, que braçadeira é esta?
O adereço, composto por uma bandeira arco-íris em forma de coração e com o número 1 no meio, onde ainda se poder ler "#OneLove", foi lançado no ano de 2020 como parte de uma campanha da Associação Real Holandesa de Futebol. Além da orientação sexual, a campanha pretendia opor-se também à discriminação com base na etnia, na cor de pele, na cultura, na religião e na idade.
Porém, recentemente, estes clubes de futebol revelaram ter sido ameaçados pela FIFA com cartões amarelos caso usassem a braçadeira. De acordo com as regras da FIFA, nenhum equipamento pode conter slogans, imagens ou demonstrações de ideais políticos, religiosos ou pessoais.
Apesar deste obstáculo, manifestações não faltaram, algumas bem criativas. A ministra da Administração Interna alemã, por exemplo, usou, na passada quarta-feira, a braçadeira "OneLove" durante o jogo de estreia da sua seleção contra o Japão. Também os próprios jogadores alemães acabaram por se manifestar contra a FIFA ao posarem para a fotografia de equipa com a mão a tapar a boca.
Já a ex-primeira-ministra da Dinamarca, Helle Thorning-Schmidt, assistiu ao jogo da sua seleção contra a Tunísia com um vestido azul com as várias cores da comunidade LGBTQ+ na manga direita. Hadja Lahbib, ministra dos Negócios Estrangeiros da Bélgica, também usou a braçadeira.
No Qatar, as relações entre pessoas do mesmo sexo são ilegais. Por esta razão, alguns jogadores têm vindo a mostrar-se preocupados com os fãs da comunidade LGBTQ+ que queiram viajar até ao país para assistir ao Mundial.
De acordo com a Reuters, Khalid Salman, embaixador do Mundial Qatar disse, numa entrevista à emissora alemã ZDF, que a homossexualidade era um "defeito na mente" e que todos aqueles que tencionem viajar ao Qatar deviam respeitar as regras do país. Apesar destas declarações, os organizadores do Mundial têm afirmado que qualquer pessoa é bem-vinda. Aliás, Nasser Al Khater, o diretor executivo deste Mundial, confirmou que os membros da comunidade LGBTQ+ não seriam perseguidos e que o Qatar era um país tolerante.
Estas declarações não foram suficientes para tranquilizar a comunidade internacional. O presidente da Associação de Futebol Alemã criticou a decisão da FIFA, afirmando que, mesmo sendo sem precedentes, é injusta para os jogadores, que podem ter de arcar com as consequências de utilizar a braçadeira. A Associação de Futebol Holandesa, por seu lado, disse que a decisão de não usar a braçadeira foi tomada com um grande "peso no coração".
A decisão da FIFA resultou em inúmeras críticas por parte da comunidade LGBTQ+. Segundo a Reuters, também um grupo de representantes dos adeptos ingleses confessou ser "mais que dececionante os capitães europeus estejam a ser confrontados com a possibilidade de sofrerem cartões amarelos pelo simples facto de chamarem à atenção para problemas com a defesa dos direitos humanos". A própria Amnistia Internacional considerou que a FIFA está a falhar naquilo que é a defesa dos seus próprios valores e responsabilidades.
Esta quarta-feira, a empresa que produz a braçadeira "OneLove", na Holanda, informou a Reuters que o adereço esgotou, depois de serem vendidas mais de 10 mil braçadeiras nas últimas duas semanas. Só o Parlamento Europeu encomendou 500.