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Na corrida ao Eurogrupo quem ganha no défice?

Se a escolha do líder do Eurogrupo dependesse do situação das contas públicas, Centeno muito provavelmente levaria a melhor aos homólogos francês e italiano, mas perderia para os nórdicos.

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Se a escolha do presidente do Eurogrupo dependesse apenas da situação orçamental do país e do esforço do respectivo ministro das Finanças para manter as contas equilibradas, Mário Centeno teria dificuldade em vencer os adversários do Norte da Europa, mas poderia estar confiante contra os homólogos francês e italiano.

Considerando as previsões de  Outono da Comissão Europeia, a menos de um mês da escolha (agendada para 4 de Dezembro), Centeno deverá fechar 2018 com um défice de 1,4% do PIB e um peso da dívida de 124,1% do PIB.

Ora, Bruno Le Maire (França) e Pier Carlo Padoan (Itália), os outros possíveis candidatos do Sul, poderão terminar 2018 com défices de 2,9% e 1,8% do PIB, e níveis de dívida de 96,9% do PIB e 130,8% do PIB, respectivamente. E se é certo que a dívida gerida por Le Maire fica abaixo da portuguesa, é também de notar que o esforço de Centeno para a controlar é maior: reduzirá o peso da dívida pública no PIB em seis pontos, contra uma subida em França e quase estagnação em Itália – para o que também contribui um melhor desempenho da economia. Finalmente, no principal indicador de esforço orçamental, a variação do saldo estrutural, Centeno também leva a melhor no conjunto de 2017 e 2018.

Mas se na fotografia a Sul Portugal até não fica mal, a Norte e Leste o retrato é menos favorável  em matéria de contas públicas. Peter Kazimir (Eslováquia), Pierre Gramegna (Luxemburgo) e Dana Reizniece-Ozola (Letónia), que também se perfilam como candidatos, deverão fechar 2018 com défices inferiores, e o luxemburguês poderá mesmo registar um excedente orçamental, estima a Comissão Europeia. Além disso, nenhum dos três suportará um peso da dívida pública superior a 50% do PIB e contarão com crescimentos da economia acima de 3% ao ano.

Neste contexto de contas quase equilibradas e dinamismo económico, os indicadores de esforço orçamental são menos relevantes, mas mesmo assim Peter Kazimir, o eslovaco considerado um dos principais opositores a Mário Centeno (por ser  socialista e representar um pequeno país), consegue uma maior melhoria do saldo estrutural. 

Comissão acredita no crescimento, mas não no défice

A Comissão Europeia validou as previsões de crescimento do Governo, e espera até um desempenho mais positivo que o Executivo no mercado de trabalho, mas tal não se traduzirá na descida do défice prevista pelo Governo no Orçamento do Estado. De acordo com as previsões de Outono divulgadas à quinta-feira, dia 9 de Novembro, Bruxelas vê a economia a crescer 2,6% este ano e 2,1% no próximo (compara com 2,6% e 2,2%, no caso do Governo), ao mesmo tempo que a taxa de desemprego recua para 9,2% da população activa em 2017 e 8,3% em 2018 (9,2% e 8,6% no caso do Executivo). Nas estimativas de Bruxelas, que já têm em conta a proposta do Orçamento do Estado (OE), o défice orçamental estabilizará entre 2017 e 2018 em 1,4% (em vez de baixar de 1,4% para 1% do PIB como inscrito no OE), o défice ajustado de medidas extraordinárias cairá de 1,6% do PIB para 1,2% do PIB (metade do ajustamento antecipado pelo Governo, que estima uma redução de  0,8 pontos) e o saldo estrutural permanecerá estável, em vez de melhorar 0,5 pontos.

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