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Na corrida ao Eurogrupo quem ganha no défice?
Se a escolha do líder do Eurogrupo dependesse do situação das contas públicas, Centeno muito provavelmente levaria a melhor aos homólogos francês e italiano, mas perderia para os nórdicos.
Considerando as previsões de Outono da Comissão Europeia, a menos de um mês da escolha (agendada para 4 de Dezembro), Centeno deverá fechar 2018 com um défice de 1,4% do PIB e um peso da dívida de 124,1% do PIB.
Mas se na fotografia a Sul Portugal até não fica mal, a Norte e Leste o retrato é menos favorável em matéria de contas públicas. Peter Kazimir (Eslováquia), Pierre Gramegna (Luxemburgo) e Dana Reizniece-Ozola (Letónia), que também se perfilam como candidatos, deverão fechar 2018 com défices inferiores, e o luxemburguês poderá mesmo registar um excedente orçamental, estima a Comissão Europeia. Além disso, nenhum dos três suportará um peso da dívida pública superior a 50% do PIB e contarão com crescimentos da economia acima de 3% ao ano.
Neste contexto de contas quase equilibradas e dinamismo económico, os indicadores de esforço orçamental são menos relevantes, mas mesmo assim Peter Kazimir, o eslovaco considerado um dos principais opositores a Mário Centeno (por ser socialista e representar um pequeno país), consegue uma maior melhoria do saldo estrutural.
Comissão acredita no crescimento, mas não no défice
A Comissão Europeia validou as previsões de crescimento do Governo, e espera até um desempenho mais positivo que o Executivo no mercado de trabalho, mas tal não se traduzirá na descida do défice prevista pelo Governo no Orçamento do Estado. De acordo com as previsões de Outono divulgadas à quinta-feira, dia 9 de Novembro, Bruxelas vê a economia a crescer 2,6% este ano e 2,1% no próximo (compara com 2,6% e 2,2%, no caso do Governo), ao mesmo tempo que a taxa de desemprego recua para 9,2% da população activa em 2017 e 8,3% em 2018 (9,2% e 8,6% no caso do Executivo). Nas estimativas de Bruxelas, que já têm em conta a proposta do Orçamento do Estado (OE), o défice orçamental estabilizará entre 2017 e 2018 em 1,4% (em vez de baixar de 1,4% para 1% do PIB como inscrito no OE), o défice ajustado de medidas extraordinárias cairá de 1,6% do PIB para 1,2% do PIB (metade do ajustamento antecipado pelo Governo, que estima uma redução de 0,8 pontos) e o saldo estrutural permanecerá estável, em vez de melhorar 0,5 pontos.