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Morreu Ruth Bader Ginsburg, a juíza progressista e das minorias. Sucessão vai marcar corrida à Casa Branca
As 87 anos, vítima de cancro, a morte da magistrada do Supremo representa um duro golpe para os progressistas norte-americanos e poderá alterar o equilíbrio da instituição em benefício dos conservadores. Biden já veio defender que seja o próximo presidente a nomear o sucessor.
A juíza do Supremo Tribunal dos Estados Unidos Ruth Bader Ginsburg morreu esta sexta-feira aos 87 anos de "complicações causadas por um cancro do pâncreas", anunciou na sexta-feira o tribunal em comunicado.
O juiz-presidente do Supremo Tribunal dos Estados Unidos, John Roberts, afirmou que o país "perdeu uma jurista de dimensão histórica": "Perdemos uma colega estimada. Hoje estamos de luto, mas confiantes de que as gerações futuras recordarão Ruth Bader Ginsburg como nós a conhecemos, uma incansável e decidida campeã da justiça", indicou.
Ginsburg tinha anunciado em julho que estava a fazer quimioterapia para lesões no fígado, a última das várias batalhas que travou contra o cancro desde 1999. Nos últimos anos como juíza do Supremo Tribunal, a magistrada, conhecida pelas iniciais "RBG", afirmou-se como líder inquestionável da ala progressista da instituição e na defesa dos direitos das mulheres e das minorias, conquistando admiradores entre várias camadas da população norte-americana.
A sua morte da juíza representa um duro golpe para os progressistas norte-americanos e poderá alterar o equilíbrio da instituição em benefício dos conservadores, de acordo com vários observadores, e a questão da sua substituição vai dominar o final da campanha para as presidenciais norte-americanas, previstas para 3 de novembro.
Trump, que recebeu a notícia da morte pouco minutos antes de iniciar um comício em Bedmidji, no estado do Minnesota, decisivo nas eleições presidenciais, saudou a "vida incrível" de RBG, mas não fez uma única referência a ela no discurso que pronunciou a seguir.
Nomeação de substituto vai marcar campanha
Joe Biden, o candidato democrata à Casa Branca, veio já defender que deve ser o próximo presidente a escolher o substituto da juíza no Supremo Tribunal. "Esta noite e nos próximos dias, vamos estar focados na morte da juíza e no seu legado imortal. Mas para que não haja qualquer dúvida, deixem-me ser claro: os eleitores devem escolher o Presidente e o Presidente deve escolher o juiz para que o Senado o considere", afirmou, numa declaração emitida em direto de sua casa no estado de Delaware.
O Supremo Tribunal dos Estados Unidos, recorde-se, é composto por nove juízes, com cargos vitalícios e que têm o poder de mudar as leis do país. Na prática, desempenham um papel crucial em temas como o aborto, os direitos dos imigrantes, a privacidade, a pena de morte e a posse de armas.
Os magistrados são nomeados pelo Presidente norte-americano e devem ser confirmados pelo Senado. Ora, atualmente, os republicanos detêm a maioria no Senado e o líder, Mitch McConnell, emitiu já um comunicado, no qual se comprometeu a submeter a votação o candidato que Trump escolher para o Supremo Tribunal.
No entanto, em 2016, após a morte do juiz conservador Antonin Scalia, McConnell recusou ouvir o magistrado escolhido pelo então Presidente norte-americano Barack Obama para substituit Scalia, com o argumento de que o país estava num ano eleitoral.
Este ano e dada a maioria republicana na câmara alta do Congresso dos Estados Unidos, é possível que o candidato escolhido por Trump tome posse no Supremo Tribunal, se a votação se realizar antes das eleições de novembro.
Na sequência da morte de Ginsburg, a mais alta instância judicial dos Estados Unidos integra oito juízes: três progressistas e cinco conservadores.