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Milhares de pessoas pediram demissão do Governo em Lisboa
Milhares de pessoas pediram este sábado, em Lisboa, a demissão do Governo, num protesto promovido pela Confederação-geral de Trabalhadores (CGTP-In) contra as políticas de austeridade.
“Governo rua” é o que mais se ouve entre os manifestantes, sendo também a frase mais visível entre as centenas de cartazes do protesto, onde também o presidente da República, Cavaco Silva, é criticado.
Novos e velhos, várias gerações de pessoas de diversos pontos do país marcam presença na jornada de luta da CGTP que por volta das 15h30 foi surpreendida com chuva, oque levou alguns dos manifestantes a desmobilizar e a abrigarem-se junto de casas e cafés na zona de Alcântara.
Deonilde Marques, uma reformada de 86 anos, veio de Setúbal para pedir a demissão do Governo, uma vez que “nunca houve um tão mau como este”.
“Sou do tempo do Salazar e nunca passei aquilo que estou a passar agora”, disse à agência Lusa a reformada.
Deonilde Marques adintou que tem uma reforma de 336 euros por mês, é viúva e tem que pagar agua, luz, gás e casa.
“O que é que eu vou comer”, interrogou.
Outra manifestante presente no protesto, Lucília Marques, é funcionária pública no SMAS de Sintra e tem o marido desempregado, questionou à lusa como é possível viver com 485 euros por mês.
De 56 anos, a funcionária pública pede a demissão do Governo e diz que “nas próximas eleições os portugueses deveriam votar em branco para haver um Governo que não pertencesse a nenhum partido”.
Vestida com uma bata branca e com um cartaz a dizer “não somos lixo, somos gente”, Madalena Monge veio de Torres Vedras para manifestar-se contra as políticas do Governo, principalmente os cortes na saúde.
“Estou aqui pelos doentes oncológicos. Há oito anos tive cancro e agora, no IPO são cada vez mais as pessoas que não fazem os tratamentos por falta de dinheiro”.
Joaquim Ramos é recepcionista num hotel e disse à agência Lusa que o Governo devia ir para a rua. Apesar de não ser funcionário público “todos os portugueses estão a ser afectados com estas medidas”.
Mesmo assim considera-se um privilegiado por trabalhar no sector do turismo, o único em Portugal que ainda está em crescimento.
Centenas de cartazes, de bandeiras de sindicatos, de Portugal e também algumas bandeiras pretas são empenhadas pelos manifestantes, ao mesmo tempo que gritam palavras de ordem “Está na hora, está na hora do Governo ir embora”, “Governo rua já” e “Passos escuta o povo está em luta”.
No discurso em Alcântara, o secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, anunciou uma ação de protesto contra o Orçamento de Estado, a realizar no dia 1 de Novembro junto da Assembleia da República, em Lisboa.
"No próximo dia 1 de Novembro, dia feriado que nos foi roubado e que coincide coma primeira votação na generalidade do Orçamento de Estado, lá estaremos, de novo, na Assembleia da República, às 10h00 horas, para rejeitar a proposta de Orçamento, para exigir a demissão do Governo e a realização de eleições quanto antes", disse Arménio Carlos aos manifestantes concentrados em Alcântara, em Lisboa.