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Marcelo: Portugueses não entenderiam falta de acordo sobre barragens e floresta

O Presidente da República defendeu convergências de regime sobre a construção de barragens e a reforma florestal, argumentando que, face à seca e aos incêndios, os portugueses não entenderiam que não houvesse um esforço nesse sentido.

Cofina Media
11 de Dezembro de 2017 às 22:28
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"O que aconteceu em Portugal foi tão forte e tão grave, no domínio da seca e, em particular, no domínio das tragédias, que seria quase incompreensível que não houvesse um esforço de entendimento entre os diversos partidos políticos nestes domínios. Os portugueses não perceberiam", declarou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas.

 

O chefe de Estado, que falava à saída de uma conferência sobre agricultura, esta segunda-feira num hotel de Lisboa, questionou: "O que é que é preciso para se entenderem? É mais seca ainda? É preciso haver mais fogos ainda, mais incêndios ainda? Mas isto é a visão que eu tenho. Não sei se os próprios terão essa visão".

 

No seu entender, "há aqui um horizonte temporal, que é o horizonte do ano que vem, antes de haver eleições, em que é mais fácil haver essas convergências, se houver vontade de um lado e de outro".

 

"Era bom que existissem, a pensar no país. Isso vai depender deles: de um lado dos partidos que integram a maioria parlamentar de apoio ao Governo, vai depender também das oposições, nomeadamente, do principal partido da oposição e da sua liderança. Essa vontade tem de haver, de parte a parte", salientou.

 

Marcelo Rebelo de Sousa referia-se a convergências sobre "investimentos públicos no domínio da água ou, também, no domínio do ordenamento florestal e da reforma florestal". "Se houver vontade, por exemplo, no domínio da água ou na reforma florestal, magnífico", considerou.

 

Caso contrário, prometeu fazer "tudo o que estiver ao seu alcance" enquanto Presidente da República, mas realçou que "não pode substituir-se a essa vontade".

 

O chefe de Estado disse esperar que "não se entre em campanha eleitoral antes do final de 2018" para as eleições europeias e legislativas de 2019.

 

Questionado se exclui um cenário de eleições no próximo ano, respondeu que não vê razões para isso e que "tudo fará para que não haja".

 

Marcelo Rebelo de Sousa já tinha deixado esta mensagem de apelo a convergências na sua intervenção na conferência "A agricultura num mundo em mudança", organizada pela Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP).

 

Num discurso de cerca de 40 minutos, o Presidente da República defendeu que, tanto face à seca como aos incêndios, é preciso agir conjunturalmente, com respostas imediatas, e em termos estruturais.

 

No que respeita à seca, sustentou que Portugal precisa de "investimento público em rede de barragens e em barragens em rede", mas que é preciso assegurar "a durabilidade desse tipo de aposta, o que implica portanto uma visão plurianual e, por isso, uma convergência de regime".

 

Quanto aos incêndios, de acordo com o Presidente da República tem de haver "uma intervenção conjuntural que é urgente, é urgentíssima", e no plano estrutural é necessário assegurar que as mudanças de legislatura e de governo não levam ao "repensar da reforma da floresta" agora adoptada. "Não há floresta que resista", observou.

 

O chefe de Estado interrogou-se se "será possível uma convergência de regime neste domínio, ou há visões diversas e essas visões correspondem a soluções conjunturais também diversas?". "O ideal era que houvesse também aqui a estabilidade e a durabilidade de uma convergência de regime", defendeu.

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