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Marcelo não fala sobre questões internas espanholas e espera o mesmo de Madrid
O Presidente da República sublinhou hoje em Madrid que Portugal não fala sobre questões políticas internas de Espanha, como a questão catalã, e espera que o país vizinho faça o mesmo em relação a questões internas portuguesas.
"Portugal não se pronuncia sobre questões da vida espanhola, como aliás espera que a Espanha nunca se pronuncie sobre questões da vida interna portuguesa", disse Marcelo Rebelo de Sousa à chegada a Madrid para realizar uma visita de Estado a Espanha nos próximos três dias.
Marcelo Rebelo de Sousa aterrou ao princípio da noite na base aérea de Torrejón de Ardoz e dirigiu-se de seguida ao Palácio do Pardo, residência utilizada por Espanha para alojar os chefes de Estado estrangeiros em visita oficial ao país.
"Tudo aquilo que é do domínio interno do Reino de Espanha, à luz da sua Constituição, à luz das suas leis, à luz das suas instituições, é matéria sobre a qual não se pronuncia o Estado português. É uma questão interna espanhola", disse o Presidente da República em resposta a uma pergunta sobre a situação na Catalunha.
Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que Espanha é um país "amigo e irmão" e deu o exemplo dos seus dois irmãos para explicar como deve ser a relação dos dois países ibéricos.
"Eu tenho dois irmãos. Não me passa pela cabeça pronunciar-me sobre a vida de qualquer dos meus irmãos", disse o Presidente.
Interrogado sobre se a Espanha pode ficar "fragilizada" com a questão catalã, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que o país vizinho de Portugal "tem um peso muito, muito relevante na Europa" e que os dois países ibéricos em conjunto também "têm um peso relevante na Europa".
"Não se minimize o peso espanhol na Europa, porque é um peso muito relevante", repetiu o Presidente português.
A Catalunha é uma região espanhola com uma cultura e língua própria que tem um movimento de autodeterminação muito forte.
Nas eleições para o parlamento catalão realizadas em 2015, os partidos independentistas obtiveram uma maioria de lugares, o que lhes permitiu nomearem um executivo regional que organizou um referendo de autodeterminação em 1 de Outubro de 2017.
Essa consulta popular foi considerada ilegal pelo Tribunal Constitucional espanhol, tendo o Governo central do primeiro-ministro Mariano Rajoy decidido intervir directamente na Catalunha, demitindo o executivo regional e marcando eleições.
Nas eleições realizadas em 21 de Dezembro de 2018 os partidos independentistas voltaram a ganhar as eleições, mas até agora não conseguiram formar um Governo regional.
Marcelo Rebelo de Sousa inicia na segunda-feira a sua primeira visita de Estado a Espanha, durante a qual será recebido pelo rei Felipe VI e pelo chefe do Governo espanhol, Mariano Rajoy.
Entre segunda e terça-feira, o chefe de Estado estará em Madrid, onde irá fazer uma intervenção no hemiciclo das Cortes Gerais, o parlamento espanhol. O programa terminará na quarta-feira, em Salamanca, na Comunidade Autónoma de Castela e Leão.
Acompanharão o Presidente da República nesta visita de três dias ao Reino de Espanha o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, e os deputados Carla Barros, do PSD, Luís Testa, do PS, António Carlos Monteiro, do CDS-PP e Rita Rato, do PCP. O Bloco de Esquerda não se fará representar.