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Lajes: Estudos estimam emigração de até 10 mil habitantes da Terceira

A redução da presença norte-americana nas Lajes pode provocar a emigração de cinco a dez mil pessoas na ilha Terceira, num curto espaço de tempo, se não se criarem alternativas de emprego, segundo estudos da Universidade dos Açores.

18 de Janeiro de 2015 às 17:34
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"Isto obriga, dentro das estimativas, a uma emigração de 5.500 pessoas, dentro das expectativas melhores, ou de dez mil pessoas, se de facto houver muito emprego informal actualmente", adiantou Tomaz Dentinho, economista e docente da Universidade dos Açores.

 

Segundo o professor, foram realizados até ao momento três estudos pela academia açoriana, dois coordenados pelo próprio, num modelo de interacção espacial, e um por Mário Fortuna, num modelo de equilíbrio geral.

 

O estudo do economista Mário Fortuna aponta para uma quebra no Produto Interno Bruto (PIB) da ilha Terceira na ordem dos 8,8%, enquanto os de Tomaz Dentinho estimam um impacto entre 10 a 12% do PIB, mas nos três casos é considerado apenas o "emprego formal".

 

As estimativas passam para o dobro se for tido em conta também o emprego indirecto que se gera com a Base das Lajes, em que as pessoas não descontam para a Segurança Social e não estão inscritas em centros de emprego.

 

Numa ilha com 55 mil habitantes, a emigração de cinco a 10 mil corresponderá a uma redução de 10 a 20% da população da ilha, o que, segundo o economista, terá um efeito multiplicador, tendo em conta que uma população menor não terá uma classe empresarial com capacidade para reagir e arrisca-se a perder algumas valências e actividades.

 

Para Tomaz Dentinho, perante a redução militar norte-americana na Base das Lajes, e se não forem criadas alternativas, as pessoas ou vão ficar na miséria ou vão emigrar, o que é possível que aconteça, tendo em conta o historial de emigração de açorianos para os Estados Unidos da América e para o Canadá.

 

"O ritmo a que isto acontece depende muito de haver possibilidade de emprego fora e também do ritmo do sistema de apoio que houver. Agora, num prazo de 10 anos ou num prazo de cinco anos, conforme estas atenuantes, a população da ilha Terceira passará eventualmente a ser 10 a 20 por cento menor", frisou, à margem de um encontro sobre a questão das Lajes, promovido pela UGT, no sábado.

 

O economista defendeu que é possível travar este cenário arranjando alternativas de emprego na ilha, mas para isso considerou que é necessário renegociar o Acordo de Cooperação e Defesa entre Portugal e os Estados Unidos, que tem, por exemplo, "muitas restrições ao tráfego civil".

 

"É preciso alguma criatividade, atrair investimento e acabar com regras que limitam esse investimento", salientou.

 

Tomaz Dentinho sugeriu como exemplo a utilização da Base das Lajes para fins civis e a atracção de companhias áreas de baixo custo para a ilha Terceira.

 

Também o Porto da Praia da Vitória, que se encontra perto da base, pode ser potenciado, segundo o economista, mas para isso é preciso existir competição entre os diferentes portos dos Açores.

 

"O facto de existir uma entidade portuária comum à região faz com que os portos não compitam entre si, portanto, naturalmente, a Terceira pode ficar sempre abaixo ou acima de uma decisão qualquer que favorece um outro porto", justificou.

 

Desde o fim da Guerra Fria que o número de trabalhadores portugueses na Base das Lajes tem vindo a cair, mas sempre de forma gradual e nunca com a dimensão prevista para este ano, incluindo também o trabalho indirecto.

 

Até ao outono, os Estados Unidos pretendem reduzir os actuais 803 trabalhadores portugueses para um máximo de 370, mas as estimativas de sindicatos e autarquias apontam para a perda de 1.500 postos de trabalho, quando contabilizado também o emprego indirecto.

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