Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Kofi Annan diz guerra do Iraque foi ilegal

Kofi Annan, secretário-geral da ONU, considera que a invasão do Iraque, pela coligação liderada pelos Estados Unidos da América, foi ilegal, uma vez que uma decisão nesse sentido deveria ter sido tomada pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações

16 de Setembro de 2004 às 16:15
  • ...

O secretário-geral da ONU considera que a invasão do Iraque, pela coligação liderada pelos Estados Unidos da América, foi ilegal, uma vez que uma decisão nesse sentido deveria ter sido tomada pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), defendeu Kofi Annan numa entrevista à cadeia britânica de televisão BBC.

«Indiquei que não estava em conformidade com a Carta da ONU do nosso ponto de vista», afirmou Annan, num excerto de uma entrevista divulgada pela BBC. Do ponto de vista da Carta das Nações Unidas a invasão foi «ilegal», sublinhou.

A invasão do Iraque teve início em Março de 2003, sem a aprovação da ONU, já que três dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU – China, França e Rússia – se opuseram à guerra iniciada pelas forças dos EUA, com o apoio inicial do Reino Unido e da Austrália.

Em reacção à entrevista de Kofi Annan, o primeiro-ministro australiano, John Howard, afirmou que o aconselhamento jurídico na altura era que a acção sobre o Iraque ela legítima. «O conselho legal que nós tínhamos, e eu apresentei-o na altura, é que a acção era inteiramente válida em termos de Direito internacional», defendeu Howard à Estação Rádio 6PR, em Perth, na Austrália. «Tinha havido uma série de resoluções do Conselho de Segurança da ONU e o aconselhamento jurídico era que [a invasão] era legal», acrescentou. A Austrália enviou 2.200 militares para o conflito no Iraque, detendo actualmente 850 soldados naquele país do Médio Oriente.

Na entrevista, o responsável máximo das Nações Unidas defende que «lições penosas» foram aprendidas pela comunidade internacional desde a guerra do Iraque. «É melhor trabalhar em conjunto com os nossos aliados e através da ONU», acrescentou Annan.

O secretário-geral da ONU defendeu ainda que, a menos que a segurança do Iraque melhore, eleições credíveis – planeadas para Janeiro de 2005 – não poderão ter lugar. Ainda assim a ONU irá fornecer aconselhamento e assistência ao governo interino do Iraque na fase preparatória das eleições, avançou a BBC, citando Annan.

Os EUA detêm actualmente uma força militar de 135 mil indivíduos no Iraque. O Reno Unido, que detém o segundo maior contingente militar naquele país ocupado, tem presentemente 8.900 pessoas.

Na opinião do primeiro-ministro australiano a ONU está condicionada porque «só pode actuar ao passo da vontade colectiva dos membros permanentes» – o que está a acontecer «tragicamente no Sudão», exemplificou. «O corpo está paralisado. Não está a fazer muita coisa. E a razão é que não se consegue um acordo entre as grandes potências. E as pessoas estão a morrer – centenas de pessoas estão a morrer todos os meses no Sudão», defendeu Howard.

Outras Notícias
Publicidade
C•Studio