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Inflação na China volta a abrandar e fixa-se em 0,1% em março

Especialistas temem deflação no país. Já o Ocidente continua preocupado com a dependência da China.

Thomas Peter/Reuters
Lusa 11 de Abril de 2024 às 09:26
O principal indicador da inflação chinesa subiu 0,1% em março, em termos homólogos, abrandando novamente após ter subido 0,7% em fevereiro, no que constituiu a maior recuperação em quase um ano no contexto de tendência deflacionista.

O índice de preços no consumidor (IPC), divulgado hoje pelo Gabinete Nacional de Estatística (GNE) do país asiático, ficou também abaixo das expectativas dos analistas, entre os quais a previsão mais generalizada apontava para uma subida de 0,4%, em termos homólogos.

Numa base mensal, os preços no consumidor caíram 1%, a maior descida num só mês desde março de 2020, quando caíram 1,2%.

Os especialistas esperavam que o IPC registasse uma contração de 0,5% em relação ao valor de fevereiro.

O estatístico do GNE Dong Lijuan atribuiu a situação ao "declínio sazonal da procura dos consumidores" por alimentos ou serviços turísticos, após o período de férias do Ano Novo Lunar, a principal festa das famílias chinesas, e a uma oferta "geralmente suficiente" no mercado.

O analista governamental sublinhou que o IPC subjacente - uma medida que exclui os preços dos alimentos e da energia devido à sua volatilidade - subiu 0,6% em março em termos anuais, "mantendo um aumento moderado".

A consultora britânica Capital Economics sublinhou que, apesar de os alimentos terem moderado a sua queda e o preço da energia ter aumentado, a inflação subjacente acabou por ser 0,2% inferior à de fevereiro, quando subiu 0,8%.

O analista Julian Evans-Pritchard considerou que o abrandamento da deflação alimentar e a recuperação "modesta" da economia chinesa conduzirão a "uma 'reflação' lenta a curto prazo", embora o "excesso de oferta persistente" mantenha o IPC baixo, a uma média de 0,5% nos próximos dois anos.

O GNE também divulgou hoje o índice de preços no produtor (PPI), que mede os preços industriais. O indicador aprofundou a sua queda - o 18º mês consecutivo - ao cair 2,8% em relação a março do ano passado, mais 0,1% do que no mês anterior, embora neste caso tenha ficado exatamente em linha com as expectativas dos especialistas.

Dong salientou também o efeito do fim do Ano Novo Lunar, com a retoma da produção industrial a nível interno, gerando uma oferta "relativamente suficiente".

Evans-Pritchard alertou para o facto de o ritmo acelerado do investimento na capacidade de produção "continuar a pesar sobre os preços industriais", pelo que não prevê que o PPI saia de território negativo tão cedo.

Na opinião do analista da Capital Economics, o Banco Popular da China (PBOC, banco central) parece "um pouco preocupado" com a inflação, depois de se ter comprometido a "promover preços ligeiramente mais elevados" na sua última cimeira trimestral, embora a pressão sobre a taxa de câmbio do yuan - a moeda chinesa - signifique que "o seu apetite por uma flexibilização monetária significativa ainda é limitado".

E mesmo que as autoridades oferecessem mais apoio político, isso não resolveria "o desequilíbrio entre o investimento e o consumo que está por detrás das baixas taxas de inflação da China", que ele previu que se tornará "um fenómeno de longo prazo".

A deflação consiste numa queda dos preços ao longo do tempo, por oposição a uma subida (inflação). O fenómeno reflete debilidade no consumo doméstico e investimento e é particularmente gravoso, já que uma queda no preço dos ativos, por norma contraídos com recurso a crédito, gera um desequilíbrio entre o valor dos empréstimos e as garantias bancárias.

O investimento na capacidade produtiva na China preocupa as autoridades na Europa e Estados Unidos, que temem que o excesso de capacidade do país asiático em indústrias como veículos elétricos, turbinas eólicas ou painéis solares dizime os concorrentes estrangeiros.
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