Era uma das medidas do "inevitável" pacote de austeridade a que Portugal se viu sujeito nos chamados anos da troika, mas acabou travada por aquele que terá sido o maior protesto visto após o 1º de maio de 1974 e substituída por um "enorme aumento de impostos". Neste dia, em 2012, o governo então liderado por Pedro Passos Coelho ainda esperava arrecadar 1,4 mil milhões com a subida da taxa contributiva global sobre as remunerações de 34,75% para 36%. Agravaria de 11% para 18% os descontos dos trabalhadores, e aliviaria empregadores com uma descida de 23,75% para 18%.
Mas acabaria por recuar. As mexidas na taxa social única (TSU) continuam a ser vistas como assunto de especial sensibilidade política. Sobretudo, num país onde mais de metade dos trabalhadores por conta de outrem recebem abaixo de 800 euros brutos de salário-base e levam para casa apenas 72% das remunerações, segundo a OCDE. O ex-ministro da Segurança Social, Vieira da Silva, qualificou-as recentemente como um debate "tóxico".
Há quem defenda, já hoje, que a TSU mal cobre ou não cobre as diferentes eventualidades a que se destina: velhice, desemprego, parentalidade, doença, doença profissional, invalidez e morte. Afinal, os 34,75% que chegam aos cofres da Segurança Social não se destinam apenas a suportar reformas, embora estas assumam cada vez maior fatia nas despesas: 20,21%, na repartição legal, desde 2009, com o desemprego a ter a segunda maior fatia, 5,14% da taxa global.