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Imprensa recorda ataques comovida e acusadora

Cinco anos após o 11 de Setembro de 2001, a imprensa mundial, recorda hoje com emoção os atentados nos Estados Unidos, mas são numerosos os periódicos que denunciam o "malogro" da guerra ao terrorismo do presidente George W. Bush.

11 de Setembro de 2006 às 16:45
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Cinco anos após o 11 de Setembro de 2001, a imprensa mundial, recorda hoje com emoção os atentados nos Estados Unidos, mas são numerosos os periódicos que denunciam o "malogro" da guerra ao terrorismo do presidente George W. Bush.

Em Lisboa, todos os diários puxam para a primeira página o aniversário dos ataques terroristas, com chamadas para as páginas interiores para artigos de análise sobre o significado do 11 de Setembro e o ponto a que chegou o mundo cinco anos depois.

No Afeganistão, escreve o New York Times, a luta contra o terrorismo está, "na melhor das hipóteses, em ponto morto, com um ressurgimento dos talibãs e uma melhoria económica devida em grande parte a uma boa colheita de ópio". Quanto ao Iraque, prossegue o diário norte-americano, é hoje um viveiro de terroristas.

O Los Angeles Times culpa Bush por uma "simplificação exagerada e uma utilização demasiado ampla de generalizações", que tendem em última análise a desvalorizar a luta contra o terrorismo, mas aprova o facto de "voltar a falar de Usama bin Laden e de recordar que o que ameaça os valores ocidentais é uma ideologia", e não apenas um método.

O USA Today considera que a luta contra o terrorismo "já não e tão premente como" logo após os atentados, e sublinha que Bin Laden continua em fuga. Quanto à guerra no Iraque, "que nada tem a ver com os atentados de 11 de Setembro, revelou-se um erro enorme".

Na Grã-Bretanha, The Independent escreve: "Oh, como parecem hoje comoventes, mas envelhecidas, as imagens de um mundo brevemente unido na solidariedade", um dia após o desmoronamento do World Trade Center.

"O punhado de mini-triunfos desde 2001" não têm peso face aos "recentes revezes no Afeganistão, à carnificina no Iraque não curdo, ao progresso do Hezbollah".

Admitindo a "nobreza" das intenções dos Estados Unidos, o Times sublinha "a incompetência" da sua execução, o que teve "um enorme custo para a reputação dos Estados Unidos e para a sua capacidade de prosseguir os seus objectivos na cena mundial".

O Daily Mirror fala do "malogro" da guerra contra o terrorismo, recordando que a "Al-Qaida continua a ser uma ameaça potencial e Bin Laden está em fuga".

"Cinco anos depois, não estamos mais perto do fim", assinala o Daily Telegraph, enquanto o Financial Times sublinha que a administração Bush "espezinhou as leis internacionais e a convenção de Genebra".

Bush "conseguiu o feito de reduzir a nada a imensa vaga de compaixão e solidariedade que se manifestou após o 11 de Setembro em todo o mundo", acusa o diário francês de esquerda Libération, considerando "desastrosa" a sua liderança.

O Fígaro, conservador, admite "erros", mas condena os "defensores do imobilismo", que "quase preferem o antigo ditador de Bagdad ao locatário da Casa Branca". "A guerra contra o terrorismo deve continuar a ser total", adianta o jornal.

Para o diário económico russo Kommersant, que publica uma fotografia de George Bush com Donald Rumsfeld em segundo plano, os Estados Unidos passaram aos olhos do mundo de um estatuto de "Nação vítima de terrorismo ao de um país culpado do seu próprio expansionismo".

O jornal centrista russo Vremya Novostei lamenta, por seu turno, "o regresso do uso da força às relações internacionais, o desenvolvimento dos extremismos de todos os tipos e um papel crescente dos serviços secretos".

Em Espanha, o diário El Pais, de centro-esquerda, acusa Bush de ter "utilizado" os atentados para o seu "próprio programa "neocon" (neoconservador)".

O diário económico alemão Handelsblatt toma por alvo a guerra no Iraque, "baseada em falsas afirmações" e que "nada tem a ver com o terrorismo da Al-Qaida".

Em Itália, o La Stampa sublinha que "a guerra contra o terrorismo" durou já "mais tempo do que a primeira guerra mundial e um pouco menos do que a segunda", mas que "nenhuma vitória está à vista".

O mesmo se constata na Índia, onde o Hindustan Times refere que "o terrorismo islamita regressou ao que era antes do 11 de Setembro".

No Médio Oriente, o tom é ainda mais duro, com o Al-Khaleej, dos Emirados Árabes Unidos a acusar a política de Bush de "não ter conseguido a segurança para os americanos e ter colocado o mundo inteiro no caos".

"O resultado da guerra contra o terrorismo é que um país como o Iraque, por exemplo, se transformou num viveiro do terrorismo e que o Afeganistão se tornou um campo aberto a confrontos sem fim", nota o Al-Watan, da Arábia Saudita.

Na China, o Diário do Povo, órgão oficial do Partido Comunista, considera "uma resposta errónea" a política norte-americana, "particularmente, a guerra no Iraque".

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