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Guterres pede reforma nas instituições e mecanismos internacionais mais eficazes

ntónio Guterres aponta o dedo às instituições, afirmando que muitas estão hoje "desatualizadas ou simplesmente enfraquecidas", e que as necessárias reformas têm sido "impedidas por divisões geopolíticas".

Mike Segar/Reuters
07 de Fevereiro de 2022 às 09:13
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O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, defende uma reforma nas instituições e diz que o mundo precisa de mecanismos internacionais mais eficazes e democráticos para resolver os problemas das pessoas.

Num artigo de opinião publicado do Diário de Notícias e no Jornal de Notícias, António Guterres aponta o dedo às instituições, afirmando que muitas estão hoje "desatualizadas ou simplesmente enfraquecidas", e que as necessárias reformas têm sido "impedidas por divisões geopolíticas".

"As instituições internacionais com mais poder ou estão paralisadas pela divisão - como o Conselho de Segurança - ou são antidemocráticas - como muitas das nossas instituições financeiras internacionais", defende no artigo publicado hoje.

O secretário-geral da ONU entende que a governação mundial "está a falhar exatamente no momento em que o mundo deveria unir-se para resolver problemas globais".

Defende uma ação conjunta a nível mundial "pelos interesses nacionais e mundiais", na proteção de "bens públicos essenciais" como "a saúde pública e um clima habitável" e reformas nas instituições.

"Essas reformas são essenciais se quisermos cumprir aspirações comuns para os nossos objetivos coletivos de paz, desenvolvimento sustentável, direitos humanos e dignidade para todos", escreve Guterres.

O secretário-geral da ONU afirma que o mundo precisa de "mecanismos internacionais mais eficazes e democráticos" para resolver os problemas das pessoas e lembra que os destinos de todos estão interligados.

"Quando deixamos alguém para trás, corremos o risco de ficarmos todos para trás. As regiões, os países e as pessoas mais vulneráveis são as primeiras vítimas desse paradoxo da política mundial", acrescenta, dando o exemplo das vacinas.

"Todos percebem que um vírus como o covid-19 não respeita fronteiras nacionais. Precisamos de uma vacinação universal para reduzir o risco do surgimento de novas e mais perigosas variantes que afetarão todos, em todos os países", escreve.

Escreve ainda que o processo de vacinação tem sido igualmente um exemplo de como os interesse nacionais se têm sobreposto ao interesse global: "Em vez de dar prioridade a vacinas para todos através de um plano global de vacinação, os governos agiram para proteger a sua população. Mas isso é apenas meia parte de uma estratégia".

"Se não trabalharem em simultâneo para vacinar o mundo, os planos nacionais de vacinação podem tornar-se inúteis à medida que surgem e se espalham novas variantes", alerta.

O secretário-geral das Nações Unidas refere que em todo o mundo de tem visto "uma erosão da confiança" e teme uma degradação dos valores que o mundo partilha.

"Injustiça, desigualdade, desconfiança, racismo e discriminação estão a lançar sombras escuras em todas as sociedades. Devemos reforçar a dignidade e a decência humanas e dar respostas às ansiedades das pessoas.

"A mudança não será fácil, nem acontecerá da noite para o dia. Mas podemos começar a encontrar áreas de consenso e a avançar na direção do progresso", insiste.
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